A “peregrinação”, desde o bairro da Fontinha, no Porto, até à Praça da Trindade, estava marcada para volta das 19h30. O objectivo era montar “tenda” nas traseiras do edifício da Câmara Municipal do Porto (CMP), enquanto alguns voluntários do projecto Es.Col.A participariam na Assembleia Municipal, marcada para as 21h00, a fim de apresentarem os seus argumentos contra o despejo da ex-escola primária da Fontinha, sofrido há uma semana atrás.

Nuno Sérgio Carvalho, um dos elementos do colectivo Es.Col.A presente na CMP, contou ao JPN que, às 20h30, a manifestação no exterior teve o seu início. “Houve festa, música e algumas actividades que funcionavam no Es.Col.A funcionaram ali”. Segundo informações fornecidas a Carvalho, no “auge da manifestação” encontravam-se reunidas cerca de 400 pessoas.

Apoio foi o que não faltou. Isso já tinha ficado patente numa das assembleias pós-despejo, promovidas pelos impulsionadores do movimento, no Largo da Fontinha. No entanto, a assembleia de segunda-feira era diferente. Tratava-se da Assembleia Municipal do Porto, que tinha como pontos principais a aprovação das contas da Câmara, de 2010, e a discussão da actividade financeira do município. Nela estavam, também, duas pessoas que representavam o Es.Col.A e dois moradores da Fontinha, que queriam pronunciar-se sobre a questão. Só o puderam fazer por volta da 01h00.

Nuno Sérgio Carvalho conta que cada um pôde falar durante três minutos para “apresentar o projecto e o fundamento legítimo, pelo menos a partir da Constituição, da acção” e “para transmitir que o projecto tinha o apoio dos moradores da comunidade”. Quanto à legalidade da ocupação, Carvalho conta que um deputado do CDS disse que esta era “um crime”. Do lado do PS surgiu uma observação defensora, que afirmou estar a existir uma confusão entre ilegalidade e crime. Nuno Sérgio dá mesmo um exemplo: “deixar o carro mal estacionado não é crime, é só uma ilegalidade”.

A determinada altura, o executivo pronunciou-se, dizendo que o projecto poderia ter “alguma viabilidade e que estavam abertos a diálogo em função disso”. Quanto a Rui Rio, Nuno Sérgio diz que o autarca não quis revelar a solução da CMP para o edifício da antiga escola primária da Fontinha, “com a desculpa de que não gosta de falar, publicamente, de projectos que ainda não estão no papel”. Ainda assim, “disse que, do pouco que conhece, lhe parece algo viável” e encontra-se aberto ao diálogo com o colectivo do Es.Col.A.

Perto da 1h30, quando a Assembleia terminou, ainda estavam no exterior cerca de 150 pessoas. Sinal evidente de que existe vontade de continuar a luta pelo movimento comunitário.