“Protesto”, “alternativa”, “mudança” foram as palavras mais ouvidas. Os alvos eram o FMI, o Governo de Sócrates, as políticas de direita e o acordo feito com a troika. A manifestação da CGTP reuniu mais de 15 mil pessoas na Avenida dos Aliados, no Porto.

Sindicatos de diversos pontos do país concentraram-se no Porto para “dizer não” às políticas da União Europeia e do FMI e lutar “por um novo rumo”, afirmou João Torres, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN.

As marchas, rumo aos Aliados, começaram na Cordoaria e na Praça da Batalha, com as ruas fechadas ao trânsito. Os gritos contestatários contra a actual política e a intervenção externa nem sempre eram em uníssono. Enquanto os megafones tentavam puxar pelos manifestantes, havia quem preferisse partilhar as frustrações apenas com quem se encontrava ao seu lado.

Entre os manifestantes encontrava-se de tudo. Os saudosos de Abril, os radicalistas e os moderados, os mais calados e os interventivos, os que se vestiram a rigor e os que passavam mais despercebidos. Até as caras de Sócrates, Passos Coelho e Angela Merkel figuravam nos cartazes e faixas dos manifestantes.

António Ramos, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, quis manifestar-se “contra a situação social”. Porém, lamenta que exista “muita gente descontente mas que, neste momento, opta pela sombra das árvores” em vez de “demonstrar o descontentamento na rua”.

Álvaro era um dos manifestantes. Ao JPN diz que saiu à rua por causa “dos palermas do Governo”. A vida precária, a miséria dos mais pobres e a riqueza dos capitalistas são as suas principais lutas. E acrescenta que só “um povo mais inteligente” e que “saiba votar” pode fazer a mudança para um “futuro melhor”.

O acordo com a troika “trará ao país e aos portugueses mais recessão económica, mais desemprego, mais injustiças e desigualdades”, acrescenta. “Dizemos não a este acordo de traição”, reafirma João Torres. O sindicalista apelou ainda ao voto dos trabalhadores nas legislativas de 5 de Junho.