A 11.º edição do Imaginarius começou esta quinta-feira a colorir o centro histórico de Santa Maria da Feira e lança o desafio à comunidade artística nacional e internacional para promover a imaginação e criatividade no espaço público.

O Festival Internacional de Teatro de Rua vai brindar a cidade com várias formas artísticas, desde o teatro, dança ou música, passando pelo circo e as artes performativas. O director artístico do festival, Renzo Barsotti, reconhece que as diferentes formas de arte encontram “no espaço público o seu melhor aliado”, uma vez que a “cultura custa, mas a incultura ainda mais”. Para o director artístico, o Imaginarius é um “projecto cultural com uma forte componente de clandestinidade que foge ao conformismo”, ao mesmo tempo que “mostra a realidade como poderia ser”.

O presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, sublinha que a “criação artística local continua a ser uma das grandes apostas do Imaginarius”, que tem contribuído para “afirmar a cidade”, onde, diariamente, emergem novos talentos artísticos. A mesma opinião tem Maria Santos, uma feirense que considera que o Imaginarius tem “contribuído para promover não só os movimentos artísticos”, mas também para chamar “turismo à cidade”.

Este ano, o Imaginarius conjuga de forma orgânica a criação artística local com o património, possível, graças à participação da co-produção Banda Sinfónica de Jovens de Santa Maria da Feira e da Companhia de dança local All About Dance. Juntos apresentam na praça de armas do castelo da cidade, “Distorction”, um espectáculo que conjuga a música clássica e a música electrónica e que promete ser “invulgar e inesperado”, revela o director artístico e maestro da banda sinfónica, Paulo Martins.

Na linha de edições anteriores do festival, os portugueses Circolando apresentam, este ano, o último espectáculo de sala, agora adaptado para a rua. “Mansarda” encerra a trilogia “Poética da Casa” e encena memórias vivas, feitas de terra, ar e água. As linguagens das imagens e das emoções, do corpo, dos objectos, da música são a base deste novo manifesto poético que, sem palavras, quer falar da importância da preservação da memória e do devaneio.

Da Austrália chega o trio The Dirty Brothers, que apresentam “The Dark Party”, uma fusão completamente nova de acrobacias e comédia contemporânea. Espadas, pistolas de agrafar, serrotes, serras eléctricas e baterias de carro são apenas alguns dos adereços que utilizam. Os Dirty Brothers, formam, assim, uma aliança de rebeldia que, quebrando todas as convenções, desafiam os números de circo.

“O Ensaio sobre a Cegueira” com sabor polaco

Pela primeira vez em Portugal, o Imaginarius traz a Santa Maria da Feira a companhia polaca de teatro de rua Kto Theather, cujos espectáculos já foram assistidos por mais de um milhão de pessoas. Até sábado, 21 de Maio, vão encenar a obra “The Blind”, baseado no best-seller “Ensaio Sobre a Cegueira” do Prémio Nobel português José Saramago, que foi estreado na Polónia a 18 Junho de 2010, data da morte do escritor português.

A adaptação teatral irá proporcionar ao público uma viagem pelas situações mais chocantes da condição humana. Sem palavras, mas recheado de sons, sentimentos e expressões fortes é recriado na Alameda do Tribunal do centro da cidade uma epidemia que deixa os actores completamente impotentes. O mundo é invadido pelo medo, a organização perde-se, o caos instala-se. Os que conseguem escapar criam as suas próprias regras.

O Imaginarius apresenta, paralelamente, 17 projectos de artistas e criadores emergentes de Portugal, Espanha, França, Itália, Chile e Coreia do Sul, que podem ser vistos até 21 de Maio e serão de acesso livre durante todo o festival.