O debate sobre o tema “Democracia no século XXI: Que hierarquia de valores?” juntou Francisco Pinto Balsemão e o professor universitário Gomes Canotilho para uma reflexão sobre os desafios e perigos actuais das sociedades democráticas, com moderação de Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP).

Francisco Pinto Balsemão iniciou a sua reflexão referindo que não pretendia “fazer campanha eleitoral” mas sim debater a temática principal, referindo aspectos como a irreversibilidade da globalização e as novas modalidades de instalar a democracia, como as redes sociais.

O ex-primeiro ministro admitiu ser adepto das redes sociais mas problematizou de que forma “contribuem para prática democrática”. Balsemão reforçou a importância dos debates televisivos na esfera política, mas alertou que as redes sociais podem ter “a possibilidade de desvirtuar o debate”. Alertou, ainda, para a “overdose de informação e opinião” actual, considerando que “a democracia política não acompanha a velocidade exponencial das redes sociais”.

O antigo primeiro-ministro reflectiu sobre a tolerância política e referiu-se ao BE e ao PCP, “por natureza intolerantes”, assumindo que “PS, PSD e CDS têm incapacidade de chegar a um acordo de regime” que os permita atingir um consenso de governação. Em jeito de conclusão, Francisco Pinto Balsemão assumiu que, em democracia, “não basta preocuparmo-nos com resultados eleitorais”.

Gomes Canotilho acrescentou ao debate o problema da sustentabilidade democrática actual. Para o professor universitário, “a democracia tem absoluta necessidade de cidadãos difíceis” e que se envolvam nas questões fulcrais da sociedade. Registou problemas actuais como a “rejeição política e a desconfiança face às instituições”. O constitucionalista referiu, ainda, que a democracia tem “de partir de cidadãos difíceis que agitam” e que tem de estar vinculada à responsabilidade.

A próxima conferência do ciclo “Grandes Debates do Regime” acontece a 16 de Junho e terá como tema “O papel do Estado e os limites da sua intervenção”. Abel Mateus, António Lobo Xavier e Rui Moreira são os oradores.