O Inverno traz o frio, a chuva e afasta muitas pessoas da praia; mas nada espanta os apaixonados do surf, que sentem a diferença quando não apanham pelo menos uma onda num dia. Com fatos molhados no corpo e temperaturas quase negativas, o frio não é apenas psicológico. Contudo, o Inverno pode também ser a melhor altura para surfar.

Para Pedro Trindade, fotojornalista e surfista nas horas vagas, o Verão tem contras como “as ondas mais moles, a complicação para estacionar e o facto de haver muitas pessoas na água”. No Inverno, apesar de ser mais perigoso, “há ondas maiores e acaba por ser mais divertido”, refere o fotojornalista.

Mas nem todos os dias dão para surfar e, mesmo quando dão, podem ser “dolorosos”. “É difícil secar o fato para o dia seguinte”, conta. “Se vou às 6h00 da manhã, em Dezembro, com quatro graus, e visto um fato molhado, tenho de ir logo para a água, porque está mais quente do que cá fora”, explica. “Há dias complicados” mas, mesmo assim, Pedro Trindade afirma que, “se as ondas estiverem boas, dá logo pica para entrar, esteja o frio que estiver”. “É o vício“, remata.

A surfista Mariana Macedo refere que, “quando competia, surfava todo o ano sem quaisquer problemas”. Mas já fora das competições, esta jovem pode “surfar quando quiser”. “No Inverno não faço surf tantas vezes”, confessa, dizendo que com frio e chuva não tem muita vontade.

João, de 10 anos, começou a aprender a surfar há pouco tempo, na escola Onda Pura, e conta que “foi um pouco complicado no Inverno, porque as ondas eram maiores e estava mais frio”.

E tal como João, muitos alunos têm dificuldades em ultrapassar o frio, deixando de frequentar as aulas. Marcelo Martins, da escola de surf Onda Pura, explica que, nesta época do ano, tem “um terço do número de alunos” que no Verão. Enquanto que na estação mais quente há aulas a decorrer todo o dia, no Inverno a marcação de aulas é determinada pelas condições meteorológicas e, além disso, “os pais dos alunos ainda não percebem que este desporto pode ser praticado em condições mais adversas”. O professor explica que os fatos exotérmicos “protegem o surfista”. “Mesmo assim, penamos um pouco durante o Inverno”, confessa.

Um lugar ao sol

Afinal, Portugal não é “o Brasil ou a Austrália, com climas amenos e água do mar quente”, compara Marcelo Martins. Por isso, e em busca de um lugar ao sol, muitos surfistas partem em viagem com a prancha debaixo do braço, na esperança de encontrar os melhores spots. Mariana Macedo tem as Maldivas como local de eleição, onde foi pela primeira vez “dois anos depois de começar a surfar” e apanhou “ondas muito boas”, conta. “Comecei a juntar dinheiro e fui quatro anos seguidos. Acho que era onde mais evoluía”, explica a ex-atleta. Também Pedro Trindade é um surfista viajado. “Já percorri toda a costa Norte da Península Ibérica, França, México, Indonésia e Marrocos”, revela o fotojornalista.

Estes são alguns dos locais de referência para os surfistas, não só pelo clima, mas também pelas ondas e pelas praias que se podem encontrar. Mesmo assim, os amantes deste desporto frequentam as praias portuguesas durante todo o ano.