A Praça de Gomes Teixeira vestiu-se, esta sexta-feira, com os trajes, cores e melodias que caracterizam a Turquia, para a inauguração do 5.º Festival da Tulipa e do Cravo. O objectivo foi, através do multiculturalismo, “aproximar a cultura portuguesa e turca, levando-a para mais perto das pessoas”, explica colaboradora da Associação de Amizade Luso-Turca, Maria Vasques.

Apesar da distância e das diferenças, as culturas turca e portuguesa têm pontos em comum e um deles é a “boa arte” e, por isso, a Turquia apresentou o seu artesanato, música e dança tradicional, juntando o fado português à festa turca. Dentro do artesanato, os mais curiosos puderam descobrir a arte ebru, o azulejo turco, a caligrafia e os trajes coloridos .

A arte ebru foi das que mais impressionou quem passou pelo festival. Esta arte pode definir-se simplesmente como “pintar sobre água”, como explica o artesão. “Nós conseguimos desenhar sobre água tal como os mosquitos conseguem andar sobre água”, compara. Mas, para usar a água como tela, é preciso algo quase mágico, como um “pó especial”, que a torna “mais viscosa”.

O desenho é feito na água com tintas, depois é passado para papel e, finalmente, seca ao sol. O resultado é um conjunto de pinceladas de cor, movimento e alegria.

Com origem na Ásia Central, a arte ebru tem mais de mil anos e representa uma “forte relação do povo turco com a Natureza”, que é fonte de “inspiração”. Aliás, os materiais de pintura são feitos das “terras e plantas”. “Quando olhamos para a Natureza com olhos de ver, conseguimos criar uma imagem linda”, garante o artesão.

Além da relação com a Natureza, a arte ebru mantém também uma forte ligação à religião islâmica. No Islamismo crê-se que todos os seres vivos têm origem na água e, por isso, o artesão confessa que só consegue desenhar “coisas vivas” realçando que, tal como “no mundo não há duas caras iguais, na arte ebru, não há desenhos iguais”.

Associação da Amizade Luso-Turca promove “tolerância, paz e convívio”

A singularidade da arte ebru seduziu Manuela Borges. “Achei as pinturas muito giras”, conta. Para a visitante, “o intercâmbio entre culturas é muito interessante”. Também Maria de Fátima Silva ficou fascinada com a “visita à cultura turca, que é riquíssima e muito variada”. “Tudo aquilo que seja feito para promover a amizade e o respeito mútuo são coisas que devemos realmente preservar”, defende a visitante. Para Maria de Fátima Silva, é importante “conhecer, apreciar e respeitar” as outras culturas.

E a cultura turca é “uma cultura milenária”, afirma Maria Vasques. Isso é visível nas danças turcas, “que tiveram origem no império sírio e persa”. Além desta característica, a colaboradora da associação sublinha que a cultura da Turquia promove a “tolerância, a paz e o convívio com a comunidade cristã, judeus e muçulmanos”. “É um exemplo, não só para Portugal, mas também para os países árabes que vivem actualmente conflitos difíceis”, refere.

Além de turcos e portugueses, a interculturalidade deste espaço também atraiu turistas que, ao visitar o Porto, ficaram ainda a conhecer um pouco da Turquia. A 5.ª edição do Festival da Tulipa e do Cravo é organizada pela Associação da Amizade Luso-Turca, que pretende divulgar a Turquia e conta com o apoio de entidades como a Universidade do Porto(UP) e da Câmara Municipal do Porto (CMP).