O Teatro Constantino Nery vai ser palco de uma iniciativa inédita. Actores profissionais e reclusos dos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo vão apresentar, em conjunto, uma adaptação da obra “Cyrano de Bergerac”, de Edmond Rostand. Esta peça surge na sequência da tese de mestrado de Luísa Pinto, cujo objectivo é promover a reinserção social através do teatro.

A peça “Sicrano” aborda a temática da “fealdade e da beleza em simultâneo”, explica Luísa Pinto. O tema adequa-se à própria realidade de produção e realização da peça. “Estamos a trabalhar com alguém que está incluído socialmente, que são os actores profissionais, e com os reclusos que se sentem excluídos socialmente”, afirma a encenadora. Porém, neste palco todos “trabalham em conjunto”, promovendo a igualdade.

Nos dois primeiros meses de preparação da peça, os ensaios decorreram na cadeia. Apenas na última semana os ensaios passaram para o Teatro Constantino Nery. Os reclusos relatam que esta ocupação faz com que os dias passem mais rápido. “Quando vão para a sua cela continuam a estudar o texto”, diz Luísa Pinto.

O projecto contribui para o aumento da auto-estima dos reclusos, que recuperaram a “vontade de consumir arte”, de socializar e de partilhar, relata a encenadora. “Eles estão felizes e entusiasmados. Tem sido um projecto muito emotivo”, acrescenta.

A peça, que envolve oito reclusos e quatro actores profissionais, conta coma a direcção musical e canções originais de Carlos Tê. “Sicrano” vai estar em cena a 29 e 30 de Maio, no âmbito da 34.ª edição do FITEI, e será retomada entre 8 e 19 de Junho.