“Votar é, não só, um direito constitucionalmente garantido, como um dever cívico de todo o cidadão com capacidade para tal”, refere o Portal do Cidadão. Apesar de muitos concordarem com esta afirmação, há quem não vote porque defende outros ideais ou simplesmente porque não acredita no sistema do país em que vive.

O Portal do Cidadão acrescenta que, através do voto, se tem uma “palavra na forma como o futuro se vai desenrolar, abrindo novas perspectivas e opções”. As eleições legislativas acontecem no próximo domingo, 5 de Junho, e vai ser escolhida a pessoa que vai governar o país. No entanto, há quem considere não votar.

Ricardo Canito, engenheiro mecânico, tem 27 anos mas nunca votou. Martim Ribeiro, estudante de Design e Marketing de Moda tem 18 anos e também nunca votou, embora os motivos sejam diferentes. O primeiro não vota porque não se “identifica com o sistema político”. Ricardo explica que a causa disto não é a falta de gosto na política, mas sim o facto de não apoiar a forma como é praticada. Já Martim ainda só teve a oportunidade de exercer o direito de voto uma vez, nas eleições presidências, e não o fez porque defende ideais monárquicos.

Martim Ribeiro considera importante o voto no representante do país. No entanto, nas eleições presidenciais, seria “contra os seus ideais votar na eleição de um Presidente da República”. Nas eleições do próximo domingo vai votar porque partilha da opinião que o “voto é um acto importante de cidadania”, principalmente num país que “esteve quase meio século subjugado a uma ditadura e onde tantos lutaram contra ela”.

Ricardo considera que o “voto não é útil e que está em descrédito”. O jovem engenheiro nunca sentiu vontade de votar. “Todo o panorama político é desanimador”, acrescenta. E, tal como nas eleições anteriores, Ricardo não vai votar a 5 de Junho porque, na sua opinião, “apesar da situação actual, não houve qualquer mudança de atitude dos políticos”.

O engenheiro mecânico não concorda com os candidatos apresentados, nem com a forma como são escolhidos, como se fazem as campanhas e a governação e o funcionamento da Assembleia da República. Ricardo Canito discorda com a possibilidade de um deputado de Faro ser eleito pelo círculo de Trás-os-Montes, interrogando-se “como é que se pode defender os interesses dos seus eleitores se existe a forte possibilidade de nem conhecer os seus problemas?”.

O estudante de Design e Marketing de Moda também não se identifica com qualquer um dos candidatos, mas não considera o “voto em branco algo útil” e, por isso, pretende votar, “com a consciência que, dentro do apresentado e possível”, estará a escolher o que pensa ser melhor para si e para o país. “Considero, também, que será injusto, caso o vencedor cometa o que eu considero erros políticos, eu julgá-lo se não tiver votado”, sublinha Martim. Para Ricardo Canito, quando não se gosta de algo ou se acha que não é respeitável, não se participa. “É o que faço em relação ao voto, apesar do grande peso simbólico que este possa ter”, realça o jovem.

Para Canito ir às urnas no domingo era necessário haver “um sinal de mudança e a política a ser conduzida por outros princípios”. “Contentava-me com um sinal que nos dê esperança que, com um pouco de esforço, conseguiríamos mudar”, conclui.