As juventudes partidárias começam a ter uma importância e participação cada vez maior dentro dos próprios partidos a que estão ligadas. Esta situação reflecte-se, por exemplo, na elaboração de programas eleitorais, de propostas direccionadas para os jovens e nas acções de campanha.

Defendendo sempre a ideologia do partido que representam, estas organizações políticas, nem sempre independentes do partido a que estão ligadas, têm filosofias próprias, que são alimentadas por propostas e ideias concretas. Ideias defendidas na Assembleia da República e junto de quem mais lhes interessa, dos eleitores e dos militantes. O JPN foi tentar perceber quais as perspectivas das “jotas” para estas eleições.

João Torres: Oportunidade para mudar o “que está menos bem”

Os jovens devem lutar, cada vez com mais força, para ter uma voz que se faça ouvir e que seja cada vez mais activa junto dos partidos e da sociedade. Quem o defende é João Torres, presidente da Federação Distrital da Juventude Socialista do Porto.

No entanto, os partidos não podem “descurar a percepção das suas organizações políticas de juventude”. Caso o façam, estão também a “descurar aquela que é a interpretação dos mais jovens sobre a situação política do país e estão a descurar os anseios e as preocupações das gerações que mais tarde serão o futuro do país”, acrescenta o jovem socialista.

O 5 de Junho, que vai dar a conhecer os rostos do novo governo de Portugal, constitui, no entender de João Torres, uma importante oportunidade “para mudar aquilo que está menos bem e de melhorar aquilo que está bem”. Para tal se concretizar, a JS diz ser essencial preservar um “Estado Social forte, que dê apoio aqueles que mais necessitem de protecção social”.

José Soeiro: “Uma das decisões mais importantes das últimas décadas”

O Bloco de Esquerda não tem uma organização autónoma de juventude, pelo que os jovens “bloquistas” participam “nos órgãos de direcção do partido aos mais diversos níveis”, explicou José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda. Independentemente disso, os jovens do Bloco participam em acções, promovidas pelo partido, que se direccionam muito directamente para os problemas vividos pelos jovens e, em especial, pelos estudantes universitários.

Uma das ideias centrais do partido, e dos jovens que o integram, centra-se na pouca representatividade e importância que é atribuída à “maioria das pessoas”. Entenda-se por maioria, “os estudantes que perderam a bolsa, os trabalhadores que estão precários ou desempregados” e todas as pessoas que estão a “sofrer com os cortes nas prestações sociais e com a redução dos salários”, esclarece o jovem “bloquista”.

Para os jovens do Bloco de Esquerda, nestas eleições vai ser tomada “uma das decisões mais importantes das últimas décadas”. Os portugueses vão decidir se “querem, ou não, os termos da intervenção externa que está a ser feita” e que terá como consequência uma “alteração profunda das relações sociais e das relações entre as classes em Portugal”.

João Meireles: Uma “dicotomia esquisita”

A Juventude Social-Democrata (JSD) acredita que os jovens devem ter uma voz activa na sociedade e as suas ideias e propostas devem ser escutadas pelos partidos, o que nem sempre acontece. “Se os jovens tivessem sido mais ouvidos e consultados talvez não estivessemos tão mal. Por isso, ainda vamos a tempo de tentar inverter essa situação”, afirma João Meireles, líder da JSD do Porto.

O jovem social-democrata vê as presentes eleições como uma “dicotomia”, que apelida de “esquisita”. Por um lado, não são as eleições mais “importantes de sempre”, porque não oferecem uma grande “margem de liberdade para grandes decisões ou para grandes investimentos e para obras públicas”. Por outro lado, “acabam por ser extremamente importantes, e talvez as mais importantes”, porque o momento que o país atravessa reveste-se de um importante “desafio” e um “compromisso” crucial, explica.

João Meireles afirma que o programa proposto pelo FMI e pela Comissão Europeia é “exigente” e só com “muito rigor e competência é que será possível cumpri-lo”. Os sacrifícios pedidos aos portugueses serão muitos e será necessário haver “solidariedade inter-geracional”.

Michael Seufert: “As coisas vão mudar”

A Juventude do CDS acredita ter tido uma voz activa junto do partido em matérias que se direccionam de uma forma mais explícita e directamente para os mais novos. O “emprego jovem”, o desemprego e os problemas que a dívida pública – que continua a aumentar – implicam para os jovens foram alguns dos temas que a juventude do CDS reforçou durante a campanha que agora termina.

Michael Seufert, deputado do CDS, diz que “as pessoas querem a mudança e já perceberam que as coisas vão mudar”. “Já não há ninguém que acredite que o engenheiro Sócrates vai ganhar as eleições, e se o engenheiro Sócrates não vai ganhar as eleições, então a mudança está aí”, acrescenta.

Diogo D’Ávila: “Alteração do rumo da política” em Portugal

Actualmente, os jovens portugeses vivem uma “situação particularmente difícil”, com o aumento do desemprego, a “elitização e privatização da educação”, dificuldades no “acesso à cultura, à educação, ao desporto, à saúde”. Diogo D’Ávila, membro da Juventude da CDU, ressalva que a orientação das políticas propostas pela Juventude da CDU para estas eleições tiveram como base todos os problemas que afectam a classe jovem da população.

Os jovens da CDU acreditam que as eleições legislativas deste ano constituem, em si mesmas, “um momento muito importante”. Como tal, a 5 de Junho estará em causa, acima de tudo, a eventual e necessária “alteração do rumo” da política seguida pelo país, acrescenta Diogo D’Ávila.