O sector das energias renováveis desempenha cada vez mais um papel de relevo em Portugal, devido à sua crescente afirmação no panorama energético nacional, contribuindo para a criação de riqueza e emprego. As energias renováveis asseguram 45% do total da electricidade produzida e 38% do total de electricidade consumida.

O peso do sector em Portugal reflecte-se no desenvolvimento sustentável do país e no cumprimento das principais directrizes europeias da política energética e ambiental, designadamente na redução da emissão de gases poluentes, no aumento da produção de energia eléctrica com base em fontes de energia renovável e na redução da dependência energética nacional.

Para o presidente da direcção da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa, “em cada hora que se consome electricidade, mais de meia hora é energia renovável”. Estes dados são de grande importância, já que tal consumo “não implica a importação de combustíveis fósseis” para gerir electricidade e “não viabiliza a emissão de gases para efeito de estufa”.

Em Portugal, há sectores de actividade que conseguem contornar a crise

O JPN vai publicar um conjunto de peças relativas a alguns dos sectores de actividade em Portugal que, apesar da crise económica, continuam a mostrar sinais positivos de desenvolvimento. A cortiça, os têxteis, o calçado e as energias renováveis são algumas das indústrias que tentam e conseguem, por vezes, contornar a crise.

O sector das energias renováveis tem mostrado, nos últimos anos, sinais positivos de desenvolvimento, que têm permitido reforçar a sua presença no mercado internacional. Sá da Costa refere que este crescimento deveu-se, essencialmente, ao “factor tecnológico”, que impulsionou “a energia eólica, solar e a biomassa” e a “liberalização do sector de produção de electricidade, sem ser a partir de centrais da EDP”. Só a produção de electricidade contribui para o PIB em 2,5%, esperando-se que, “no final da década, esse valor atinja os 4%”.

Para este desenvolvimento, a APREN aplicou três objectivos estratégicos: “a segurança do abastecimento, a protecção ambiental e a promoção da competitividade dos mercados”. Estas estratégias possibilitaram a “diversificação das fontes de abastecimento” e “o reforço da oferta de energia” baseada nos recursos naturais que Portugal possui: sol, água e vento. De igual modo, tem-se registado uma “redução progressiva” da dependência energética face ao exterior.

A crise não afecta oportunidades de investimento

Apesar do sector ser um “forte motor da economia portuguesa”, Sá da Costa sublinha que os “projectos em desenvolvimento” podem ser afectados pela actual crise financeira, uma vez que se encontram numa “fase de licenciamento e construção”. Contudo, “os projectos em operação” serão uma excepção, já que “estão construídos, já passaram esses riscos todos, já estão financiados e, portanto, estão em velocidade de cruzeiro”, conclui.

Pelo seu forte volume de investimento, o sector contribui para a criação de postos de trabalho que, em 2020, segundo previsões do Governo, rondarão “os 120 mil empregos” em todo o segmento renovável. Desta forma, Sá da Costa destaca que “há emprego”, sublinhando, no entanto, que “o emprego vai sofrer alterações consoante as decisões políticas que forem tomadas”.

As energias renováveis em Portugal têm proporcionado boas oportunidades de investimento em tecnologias limpas, criando simultaneamente a base de uma nova economia mais sustentável e competitiva para as próximas décadas. Desta forma, a APREN perspectiva um “crescimento significativo do sector das energias renováveis na ordem de 8%, até 2015”.

Quanto à produção, a estimativa para os próximos anos é que Portugal “possa dar resposta a cerca de 45% da produção nacional de energia eléctrica”, sendo que as fontes de energia hídrica e eólica “manter-se-ão as principais produtoras de electricidade com base em fontes de energia renovável”.