Embora o conceito não seja novo, uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) está a desenvolver uma vacina contra a obesidade. Os resultados obtidos por esta tentativa liderada pelo instituto da Universidade do Porto (UP) são promissores. “Já se sabe desde há vários anos que a ghrelina é uma hormona produzida principalmente no estômago que estimula o apetite e diminui o gasto de calorias”, explica a endocrinologista Mariana Monteiro, que lidera a equipa de investigação.

A maioria dos doentes obesos têm níveis de ghrelina baixos, mas estes aumentam “quando perdem peso com a dieta e o exercício físico”, explica, o que causa o aumento do apetite e conduz à “recuperação do peso perdido”.

Estudos anteriores já tinham demonstrado que, “quando a perda de peso ocorre após cirurgia bariátrica, os níveis de ghrelina não aumentavam com o emagrecimento”, pelo que este é “um dos possíveis mecanismos para que a perda de peso se mantenha a longo prazo”. Foi com base neste conhecimento que a equipa tentou desenvolver “uma forma farmacológica de bloquear os efeitos biológicos da ghrelina”, especialmente quando esta “aumenta no contexto de uma dieta”.

A vacina leva, assim, “ao desenvolvimento de anticorpos contra a ghrelina, impedindo-a de actuar”, explica a investigadora. Desta forma, o apetite é diminuído e o gasto de calorias aumenta. “Esta vacina terapêutica poderá vir a ajudar um doente obeso a perder peso e a mantê-lo durante e após um programa adequado de dieta e exercício”, entende.

Como tal, esta vacina terapêutica “não se destina à prevenção da obesidade”. Para prevenir o aumento de peso é necessário promover “estilos de vida saudáveis”. Um produto do género poderá chegar ao mercado, entende a investigadora, dentro de “dez a quinze anos”.

A obesidade é considerada a “epidemia do século XXI” pela OMS. Portugal tem cerca de 13% de obesos, encontrando-se entre os países com maior obesidade. A obesidade é considerada um factor de risco, que pode conduzir a problemas cardíacos ou doenças como a diabetes ou o cancro da próstata.