“À linguagem sempre falaciosa e falsa do sistema, opõe-se a linguagem muito mais verdadeira e criativa dos nossos poetas e, portanto, a poesia está completamente na ordem do dia”, considera o programador do evento, João Gesta, explicando a importância da poesia. É por isso que hoje, 30 de Junho, a sessão do ciclo poético Quintas de Leitura é dedicada à figura do recitador e às suas escolhas poéticas. “Um galeão e uma torrada na rua das estrelas, pela primeira vez” é o nome do “recital-maratona” de poesia a decorrer esta quinta-feira, no Teatro do Campo Alegre (TCA) pelas 22h00.

O recital, com duração de três horas, é considerado uma “verdadeira maratona poética” e vai trazer ao palco do TCA alguns dos “maiores recitadores nacionais”. António Durães, Carla Bolito, Filipa Leal, Isaque Ferreira, Paulo Campos dos Reis, Pedro Lamares e Renato Cardoso encantarão os amantes da poesia com poemas de Carlos Drummond de Andrade, Eugénio de Andrade, Filipa Leal, Oswaldo Montenegro, José Régio, Carlos Eurico da Costa, Almada Negreiros, Alberto Pimenta, Jorge de Sousa Braga, Joaquim Pessoa, Joaquim Castro Caldas, Mário Cesariny, Jorge de Sena, Alexandre O´Neill e Miguel Esteves Cardoso.

Mas não é só de poesia que se faz o recital. Também a música, a dança e a ilustração vão estar presentes em mais uma sessão de Quintas de Leitura. À poesia, considerada por João Gesta a “linguagem da verdade”, junta-se o artista multimédia, poeta, cantor e performer Antón Reixa, que com a banda “Resentidos” marcou a música popular galega contemporânea.

Mas a “mega-festa da poesia” não fica por aqui. Também a bailarina Né Barros, através da dança e o Ensemble Vocal Pro Musica dirigido pelo maestro José Manuel Pinheiro, através da música, vão animar a plateia de “Um galeão e uma torrada na rua das estrelas, pela primeira vez”. Já o ilustrador António Jorge Gonçalves vai dialogar em tempo real com os recitadores.
No entanto, misturar poesia, música, dança e imagem não é tarefa fácil. “A mistura é muito inovadora e muito criativa, mas é difícil, porque obriga os artistas a ler os livros e a virem fazer coisas baseadas no texto poético”, explica o programador do recital.

A noite fecha com a voz de Manuela Azevedo, com um concerto dos Clã.A “mega-enchente” já está esgotada. “Encher uma sala com praticamente 300 lugares para ouvir poesia é uma coisa que é rara em Portugal”, refere João Gesta. “O Porto está na vanguarda”, remata o João Gesta.

O ciclo poético Quintas de Leitura é promovido pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Ciência e Desenvolvimento e “cruza a poesia de diferentes poetas, sem paternalismos ou restrições”.