O arranque oficial da edição 2011 do Optimus Alive! já foi dado. Espera-se, portanto, um fim de semana alongado de muita música e descoberta.

Com tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo e cinco palcos por onde alternar, o difícil nesta quinta edição do Optimus Alive!, adivinhava-se, seria escolher o que ver e durante quanto tempo. E, no primeiro dia do evento, o palpite realmente confirmou-se. Se não vejamos: enquanto que, no palco secundário, brilharam os estreantes The Naked and Famous, os rockalheiros Mona, o menino bonito James Blake e Anna Calvi (já para não falar do habitué Patrick Wolf, que abrilhantaria o final de noite depois de encerrado o palco Optimus), no palco principal tivemos a nova banda de Greg Dulli, os The Twilight Singers, os estreantes (e muito ecléticos) Grouplove, a energética (e com 66 anos de vida) Debbie Harry com os seus Blondie e os incontornáveis Coldplay.

Pelo caminho, um coreto contou com a presença regular dos Homens da Luta, que juntaram uma legião de devotos fãs e chamaram ao palco os festivaleiros mais revolucionários para falar do que vai mal no país.

Mas comecemos pelo princípio. As portas abriram às 15h00 e, minutos depois, já se viam largas centenas de pessoas a passear pelo recinto. Alguns resistentes resolveram passar pelo palco secundário, onde os estreantes The Naked and Famous deram espectáculo. Mas todos, ou quase todos, queriam mesmo era ver Coldplay, como dava para adivinhar pela quantidade de espectadores já sentados ao pé do palco logo no início da tarde.

No final de um concerto animado e surpreendente, os Naked and Famous ainda aceitaram tirar algumas fotografias com os fãs, enquanto o palco era preparado para os (muito) jovens Avi Buffalo. Fruto da debandada geral para o palco principal, que se iniciaria pouco depois com os The Twilight Singers, os californianos tiveram poucas pessoas dispostas a ouvir os seus acordes.

Entre a nostalgia e a novidade

Enquanto alguns se dividiam entre o indie dos GroupLove e as “rockalhadas” dos Mona, um desfiar de artistas portugueses passava pelo Clubbing, tentando “apanhar” o público que alternava entre os dois outros palcos. Por este palco passaram bandas como Asterisco Cardinal Bomba Caveira, Smix Smox Smux, Feromona ou Manuel Fúria e os Náufragos.

Depois, era altura de recordar os bons velhos tempos no palco Optimus ou conhecer um dos mais promissores talentos de 2011. Blondie ou James Blake? Eis uma das grandes questões da noite. Enquanto que um (Blake), no palco secundário, tentava adaptar a sua sonoridade relativamente “calma” ao recinto do festival, outra (Debbie) mostrava toda a sua experiência nestas lides e conquistava pequenos e graúdos.

Foi um desfiar incessante de êxitos, entoados pelo recinto. “Call Me”, “Maria” e “One Way or Another” foram alguns dos pontos altos de uma actuação energética. Antes de se esvaziar o palco para receber os Coldplay, houve, ainda, tempo para recordar Beastie Boys e cantarolar “You gotta fight for your right to party”.

Viva La Vida ou o concerto romântico à beira rio

Mas o momento mais aguardado da noite aconteceria pouco depois das 22h00, com Chris Martin e companhia a reunirem 99% das 50 mil pessoas presentes no recinto. Um mar de gente recebeu em euforia “Hurts Like Heaven”, mas, a julgar pela devoção estampada na maioria dos festivaleiros, qualquer música serviria. Seguir-se-ia o primeiro clássico da noite, “Yellow”, a transportar o público para o (longínquo?) início de século e o primeiro hit da banda britânica. Muitos outros teriam lugar durante a actuação (Fix You, In My Place, God Put a Smile Upon Your Face ou The Scientist), pontuada por fogo-de-artifício, chuva de confettis e balões gigantes. Momento da noite? “Viva La Vida”, entoada a 50 mil vozes e com direito a murmúrios de recordação entre pausas.

Apesar do colorido das coisas e execução profissional dos antigos “Starfish”, ficou, para os mais exigentes, qualquer coisa por fazer. Um concerto competente, sem dúvida, mas pouco animado para alguns, como, aliás, já se deveria prever, tendo em conta a sonoridade da banda. A interacção da banda com o público também deixou a desejar, apesar dos esforços constantes da audiência para mostrar a sua devoção. Mesmo assim, o ambiente relaxado e sentimentalão que invadiu o recinto teve o mérito de apelar ao romantismo de muitos casais, que povoaram de abraços e gestos de carinho os poucos espaços livres.

No final, o sabor a pouco… e um encerramento pouco conseguido, a puxar por um segundo encore, que o público tanto pediu mas que não se concretizou. A confusão natural quando quase 50 mil pessoas tentam sair, o mais rapidamente possível, do mesmo espaço físico prosseguiu durante largos minutos após a actuação, “roubando” público aos restantes palcos. No entanto, tal facto não parece ter afectado Patrick Wolf que, no Super Bock, espalhou a sua já habitual magia pelos mais resistentes, com a apoteose previsível em “Magic Position” e juras de amor eterno ao público português. A noite no palco secundário terminaria com os Example, já a horas “impróprias” e recinto a meio gás.