Neste fim de Julho, Serralves complementa a grande exposição “Off The Wall” que, desde Maio, mostra a arte que desce das paredes e vai ao encontro do público, com os trabalhos de Robert Morris.

Antes de mais – para quem não conhece o trabalho de Robert Morris -, o director do Museu de Serralves, João Fernandes, que também é comissário da exposição com Ryan Roa (assistente de Morris), esclarece que o britânico “virou uma página na História da Arte” ao “aproximar os espectadores das obras de arte”. Morris trouxe novos ângulos à reflexão artística contemporânea e foi idealizador, desde as décadas de 60 e 70, de várias experiências de interacção com a arte, especialmente a escultura, envolvendo muitas vezes as artes performativas.

Em Serralves, além das esculturas interactivas (leia-se usáveis) de Bodyspacemotionthings – uma instalação que abre ao público pela terceira vez desde que foi criada, em 1971 -, a exposição conta ainda com projecções em vídeo onde, mais uma vez, a “arte participatória” é central.

Há também projecções simultâneas como “Neo Classic”, onde os actores executam uma estranha coreografia em que interagem com outros elementos do espaço, ou a obra “The Birthday Boy”, onde dois “especialistas” analisam a estátua de David, de Miguel Ângelo, atingindo um divertido resultado.

Arte para fazer parte

Com “Filmes, Vídeos, Bodyspacemotionthings”, Serralves acolhe uma exposição que alia a presença de um prestigiante nome internacional a um conjunto de instalações que consegue atrair públicos de vários quadrantes, inclusive as famílias.

As esculturas de “Bodyspacemotionthings” têm bastante explícito um convite à sua utilização: escalar uma “colina” de madeira, equilibrar-se em cima de um tronco de árvore, fazer rolar um cilindro à escala humana a partir do seu interior, tudo com a ajuda de assistentes que tratarão de manter as experiências em segurança, enquanto o público pode, literalmente, viver a arte à sua volta.

Há 40 anos, quando a exposição Bodyspacemotionthings foi apresentada pela primeira vez na Tate Gallery, em Londres, “o entusiasmo dos visitantes ‘destruiu’ a exposição passados três dias”, explica João Fernandes. Depois disso, foi apresentada apenas mais uma vez, há dois anos, na Tate Modern. Esta é, pois, uma oportunidade praticamente única de sentir a arte que abandona as paredes: com corpo, espaço, movimento e coisas. Em Serralves, de 23 de Julho até 23 de Outubro.