A edição 2011 do Milhões de Festa já terminou, pelo que é tempo de fazer contas à vida. O JPN esteve à conversa com Vítor e Márcio, da Lovers & Lollypops, para saber como correu esta segunda edição em Barcelos.

Segundo a organização, o balanço é “bastante positivo”, pois, “tirando um pequeno percalço no segundo dia [onde duas bandas ficaram sem instrumentos devido a atrasos com voos], tudo correu bem”. Ainda não se sabem números concretos, mas, conta a organização, passaram “cerca de três mil pessoas” pelo festival. “A afluência de público foi muito boa, a cidade esteve cheia de gente e as pessoas divertiram-se bastante”, garantem.

A explicar tal afluência de público está a aposta da organização na divulgação do evento na Internet e, sobretudo, em blogues. Mas o passa-a-palavra de bandas e público também tem ajudado. “As bandas têm gostado de vir cá e do ambiente do festival. As pessoas andam atentas a isso e acabam por saber do festival dessa maneira”, entendem.

Com uma “programação super eclética e que tem em conta o divertimento e a música”, o Milhões consegue atrair pela diversidade. “É estranho ver Graveyard e Papa Topo no mesmo festival”, facto que, “parecendo que não”, faz do festival tema de conversa entre amigos. “As pessoas acham estranho e vão passando a mensagem”, dizem.

“É complicado encontrar um lugar tão acolhedor como este”

A palavra já chegou, até, ao estrangeiro, contando o festival com uma presença forte “tanto de ingleses como de espanhóis”. “Tivemos boa adesão da Galiza e tivemos pessoas de Madrid e Barcelona cá”, dizem Vítor e Márcio. Entre os espanhóis, descobriram até um fã peculiar. “Este ano tivemos um senhor chamado Roberto, da Galiza, que participou em todos os passatempos e comprou bilhete na mesma”, diz a organização. “Ele fez posts sobre o festival em todos os blogues que conhecia de música independente em Espanha, participou nos vídeos sem intuito de ganhar um bilhete e vir de graça ao festival”, acrescentam. “Participou porque se sente identificado com a filosofia e queria fazer parte de alguma forma”, garantem.

Este aumento exponencial de público, de resto, é encarado com maus olhos por muitos dos participantes, que têm receio que o festival vire “mainstream”. “Isso é normal”, garante a organização. “Nós queremos que o Milhões se afirme como um festival a ter em conta na rota de festivais, somos pessoas jovens, fazemos isto por gosto e chegar a este ponto é incrível”. Mas, esclarecem, chegar a mais gente não será sinónimo de mudança. “Nós temos uma ideologia e uma forma de programar que é bastante própria e não queremos abdicar dela, tendo o festival cinco mil pessoas ou cem”, garantem. “Queremos continuar a trazer aquela banda fetiche que queres ver mas mais ninguém sabe que existe e aquela banda em que apostamos, que não conheces mas acreditas que vais gostar”, explicam.

Por isso, respirem os mais assustados, que o evento não vai perder qualidades. A organização garante que o Milhões de festa “não vai virar mainstream”, até porque existem “limitações de espaço” e não estão a pensar “sair do sítio tão cedo”. “Adoramos estar aqui. Apesar do festival ter nascido da itinerância, a acontecer em Barcelos, será sempre aqui”, asseguram. “Um dia pode ser que mude para outra cidade qualquer”, explicam, mas tal só deverá acontecer “se houver algo em contrário”. “É complicado encontrar um lugar tão acolhedor como este, um espaço quase natural dentro do meio urbano”, esclarecem.

Ainda não existem planos, no entanto, para a próxima edição. “Agora vamos ter calma, pensar sobre tudo”. Mas, para já, só dá mesmo é para pensar em férias. Mesmo assim, fica a quase garantia de festival para o ano. “À partida, a não ser que algo aconteça, vai haver”, dizem, mas “num festival sem patrocínios, cada edição posterior depende do sucesso da anterior”. “Não temos isto garantido. Mas em princípio deve haver, é essa a nossa vontade”, rematam.