A crise económica do século XXI veio fechar as poucas portas que Portugal ainda tinha para oferecer aos recém-licenciados. Estudantes que, à medida que o tempo ia passando, começavam a sentir angústia pela falta de empregabilidade na sua área.

Cérebros desaproveitados, que pela proximidade e amor patriótico não conseguem deixar Portugal, acabam por enveredar por outra área. Pontualmente, a mudança de área pode revelar-se uma boa solução mas, em outros casos, classifica-se apenas como uma remuneração sem qualquer realização pessoal.

Quem escolhe ir para o estrangeiro pode ter uma surpresa. Com falta de emprego na sua área ou até com uma baixa e injusta remuneração, os jovens licenciados procuram uma alternativa em outras paragens.

De Portugal para grandes multinacionais

Rui Barbosa ainda não tinha terminado a sua licenciatura em Engenharia Informática, pela Faculdade de Engenharia da UP, quando foi recrutado pela Microsoft. A proposta surgiu num altura em que o período de estágio da licenciatura estava à porta e o estudante aproveitou a oportunidade, mudando-se para a Dinamarca. Na altura, este emprego surgiu como a sua oportunidade de vida.

Depois da Microsoft veio outra grande oportunidade de sucesso profissional: a Google. O conhecido motor de busca ficou impressionado com o trabalho do engenheiro informático e trocou-lhe as coordenadas na Europa: Rui “desceu” para Sudoeste, para a cidade da Rainha Isabel II.

O jovem licenciado da FEUP sente-se bem no meio da agitação de Londres. Para já não pensa alterar a sua vida e regressar às origens lusitanas. Londres é, agora, o seu lar de oportunidades. Já há vários anos que a crise que assolou Portugal tem vindo a fechar portas aos grandes cargos e a estagnação é comum na maioria dos sectores. “Em Portugal, o mercado está demasiado estagnado na minha área”, princípio que, consequentemente, provoca um sentimento de medo ao investir em novas tecnologias, explica Rui Barbosa.

“Em Londres não existe, propriamente, o mundo do software”, explica Rui, reforçando que “existem muitas oportunidades e muitos start-ups”. “Lembro-me que, no Porto, existiam umas cinco ou seis empresas importantes no mercado da tecnologia, mas estas adaptavam, apenas, algumas soluções a negócios locais”, refere.

Quando a economia portuguesa fecha portas, o estrangeiro é a solução, em muitos casos, para um novo e melhor rumo de vida.