Segundo o presidente da Associação de Estudantes da FLUP, a Faculdade de Letras é a faculdade da UP com mais alunos bolseiros e candidatos. O que pode a FLUP fazer em casos de corte na atribuição de bolsas de estudo e possíveis abandonos de cursos?

As bolsas não dependem minimamente da Faculdade de Letras, nós não podemos fazer nada. Alguns estudantes tinham bolsa porque tinham declarações que não eram completamente correctas e, com maior rigor na selecção, verificou-se que alguns tinham contas bancárias superiores a um determinado montante, como foi divulgado pela comunicação social. Por isso, não sei se a situação é tão preocupante assim, ou se há uma especulação sobre o assunto. Isso é uma coisa central que nos escapa completamente.

A FLUP recebe muitos alunos vindos de outros países. Como é que são recebidos?

Nós temos, realmente, muitos alunos Erasmus, mas os alunos estrangeiros não vêm todos da mesma forma. Penso que eles se integram muito bem, temos alguns cursos já leccionados em inglês. Também podem assistir às aulas de português para estrangeiros, temos mil e tal alunos nessas circunstâncias. Nunca tive uma queixa, pelo que penso que não há nenhum problema. Temos depois estudantes que vêm ao abrigo de protocolos e ao abrigo de outros acordos e aqueles que nos procuram para fazer um grau, que até nem vêm ao abrigo de acordo nenhum, sobretudo em mestrados como o de Ensino de Português como Língua Estrangeira, como é natural.

Como vê a passagem da UP a Fundação e de que forma isso pode afectar a Faculdade de Letras?

Não afecta. Isso é uma questão de organização interna e administrativa. Tem-se vindo a ver, nos últimos meses e sobretudo no último ano, como foi bom que a UP tivesse passado a Fundação, porque isso traz uma grande maleabilidade orçamental.

E essa passagem a Fundação, que considera positiva, também tem ajudado na crise de Letras de que se fala de há uns anos para cá?

Nós não temos nenhum buraco financeiro, nem estamos com nenhum problema financeiro de momento. A Faculdade de Letras passou um mau momento aquando da implementação do Tratado de Bolonha e da passagem das licenciaturas de quatro para três anos, porque houve um ano em que saíram dois cursos. E esse foi o problema, em 2007: saíram dois cursos e não entraram no mestrado os alunos todos.

A aposta nos cursos livres de línguas foi uma aposta ganha, mesmo para alunos exteriores à faculdade?

Temos cerca de 90 cursos de educação contínua. É uma aposta na aprendizagem ao longo da vida e na importância que isso tem para a reciclagem das pessoas que estão nos postos de trabalho. Há línguas que só se aprendem no Porto, outras que se aprendem aqui e em Lisboa, às vezes em Coimbra, mas que não têm mais lugar onde se aprender. Nem todas têm a mesma procura, mas temos algumas com muita e já com vários níveis, como o chinês, o japonês ou o árabe. Estamos a tentar apostar, também, em ligações às embaixadas dos respectivos países, para ver se conseguimos desenvolver não só a língua mas, também, a própria cultura.