Mais um dia de concertos, mais um dia com os termómetros a registarem temperaturas altas. Paredes de Coura consegue mesmo testar os limites do corpo humano que, recorrendo aos mergulhos no Taboão, vai tentando sobreviver ao calor durante o dia.

Mesmo assim, ainda havia mais uma razão que, nem que seja por momentos, aquecia os mais festivaleiros: a oportunidade de ver Pulp ao vivo. Pelo caminho, ainda seria possível, no entanto, ouvir Crystal Stilts, Twin Shadow, Warpaint e Blond Redhead.

Meia hora antes de se iniciarem os concertos no palco principal, os Murdering Tripping Blues subiriam ao Palco 2, seguidos de Here We Go Magic, We Trust e Esben & The Witch, tornando a decisão entre os dois palcos bastante difícil para os festivaleiros. Com actuações sempre concorridas e consistes, as bandas não desiludiram quem se dirigiu a Paredes de Coura.

Os Crystal Stilts abriram as hostilidades. O palco principal pareceu pequeno para acolher a vivacidade e o punk psicadélico da banda de Brooklyn.

Ainda o sol permitia uns mergulhos no Taboão, já George Lewis Jr. subia ao palco. O disco de estreia de Twin Shadow, “Forget”, levou o público ao rubro e garantiu que este concerto tão cedo não vai ser esquecido. Com um dos temas mais conhecidos, “Slow”, o público entoou o refrão e dançou ao longo da encosta que permite aos festivaleiros chegar até bem perto do palco principal.

Depois do jantar, e com a Lua como cenário, os festivaleiros receberam as californianas Warpaint. Bem dispostas, não se cansaram de elogiar Paredes de Coura e o público do festival. Com os sons das guitarras e do baixo, as Warpaint mostraram a sua garra e provaram que conseguem cativar o público do início ao fim do espectáculo. Com o avançar da hora, é a voz dos Blonde Redhead subirem a palco. Os nova-iorquinos trouxeram toda a garra a que já habituaram os fãs ao longo dos anos e não se esqueceram de agradecer, durante o concerto, a energia e os aplausos com simpáticos “Obrigado” com pronúncia oriental.

Enquanto o palco estava a ser preparado para os Pulp, já quase ninguém conseguia descer (ou subir) a encosta que dá acesso ao Palco Principal. Uma imagem que vale mais do que mil palavras e que confirma o encanto deste festival nortenho.

Ligeiramente atrasados, mas sempre bem educados, os britânicos Pulp, com um jogo de luzes bem controlado, perguntaram ao público se podiam começar o espectáculo. Os aplausos e os gritos efusivos não deixaram margem para dúvidas. Bem apresentados, Jarvis Cocker e companhia subiram ao palco para mostrar que são capazes de dominar um festival inteiro. Um concerto cheio de garra, energia e interacção com o público. Sempre bem-dispostos e divertidos, os Pulp fizeram suar até os mais desprevenidos naquele que foi o concerto da noite.

Com os grandes temas da banda, o público deixou-se levar ao longo de mais de uma hora num espectáculo de luzes e de coreografias arrojadas por parte de Jarvis Cocker, o mítico vocalista do grupo. Com um dos mais conhecidos e vibrantes temas da banda, “Common People”, os Pulp despediram-se de Paredes de Coura e mostraram que ainda têm muito para dar ao mundo da música.

Já no Palco After Hours, os Deloream e Riva Starr animaram todos os que ainda ficaram pelo recinto do festival. A música continua hoje, sexta-feira, no palco Ritek com bandas como Marina & The Diamonds, Battles, Deerhunter e os tão esperados Kings of Convenience. No palco secundário os You Can’t Win Charlie Brown prometem tirar muitos festivaleiros da sombra mais cedo.