Paredes de Coura sem chuva não é Paredes de Coura. O quase ditado é conhecido de todos e ia sendo quase “quebrado” este ano, não fossem os fracos chuviscos que, por momentos, ameaçaram os festivaleiros que apanhavam sol nas margens do Tabuão durante a tarde.

Sem chuva à vista, mas com as nuvens no horizonte, foi grande a correria para o palco principal ontem, sábado. O motivo? Os adorados Linda Martini, que trazem sempre “a reboque” os mais fiéis seguidores e que foram os primeiros a actuar no palco Ritek. Um concerto cheio de energia onde a banda fez soar todo o “power” que os caracteriza. Sempre bem-dispostos e com um look descontraído, abriram em grande o último dia de festival. Um concerto que passou depressa de mais para os fãs que encheram toda a encosta que dava acesso ao palco principal.

Antes, no palco secundário, tocaram os também bastante conhecidos Peixe:Avião, seguidos de Kurt Vile, Viva Brother e No Age. Concertos consistentes e que encheram a tenda do palco secundário em questão de segundos. Um final de tarde bem rockeiro onde os rifles das guitarras soaram mais alto e contagiaram tudo e todos.

Mas voltemos ao Ritek. Depois da actuação dos Linda Martini foi a vez de Maika Makovski subir ao palco, em substituição dos Foster the People. A espanhola deu espectáculo e surpreendeu os presentes com a sua voz poderosa e melodias dançáveis e de fácil apreensão. A debandada geral que se verificou assim que Linda Martini abandonou o palco deu origem, mais tarde, a um retornar tardio para apreciação dos dotes vocais de Maika Makovski.

Findo o concerto, os Two Door Cinema Club, uma das bandas mais aguardadas do festival, continuaram na senda dos bons espectáculos. O recinto pareceu pequeno para todos os que queriam ver os rapazes irlandeses que andam na boca do mundo. Um concerto energético onde ninguém parou de saltar e cantar os grandes sucessos da banda. E se temas como “Something Good Can Work” ou “What You Know”, foi com o estrondoso “I Can Talk” que a plateia explodiu numa moche de corpos, cânticos, sorrisos e braços no ar

Seguir-se-ia Mogwai, a banda escocesa de rock instrumental que satisfez todos os fãs que depressa se juntaram frente ao palco principal. Uma actuação melódica, sem grandes quebras, além dos problemas técnicos verificados logo no início da actuação, e que surpreendeu os que não estavam familiarizados com os Mogwai.

As actuações no palco principal terminariam com Death From Above 1979, que recentemente voltaram aos palcos depois de abandonarem o activo em 2006. Os canadianos voltaram a Paredes de Coura para fecharem em grande o palco principal da 19.ª edição do festival. Um concerto onde o pó não assentou, os troncos nús foram uma constante e a moche não parou nem por um segundo. Com uma energia imparável, a banda não deu tréguas até ao final do concerto mais vibrante de Paredes de Coura.

Já a noite ia longa, quando os portugueses Orelha Negra subiram ao palco. Com um concerto que contagiou todos os que ficaram pelo recinto, a banda portuguesa mostrou que música portuguesa está de boa saúde e recomenda-se. Toda a gente dançou e esboçou largos sorrisos ao longo de toda a actuação que terminou com uma enorme salva de palmas e de assobios de aprovação. Para fecharem em grande a 19.ª edição do festival de Paredes de Coura, os festivaleiros assistiram à disputa saudável entre Terry Hooligan e Rico Tubbs.

Uma edição consistente, com nomes sonantes e que continua a provar que o festival de Paredes de Coura é uma das paragens de Verão obrigatórias para quem gosta de boa música.