Eduardo Souto Moura recebeu, este ano, o maior galardão mundial da Arquitectura, no valor de cem mil dólares (cerca de 70 mil euros), um prémio que reconheceria o trabalho do arquitecto durante as últimas três décadas.

Os trinta anos de trabalho foram comemorados no Porto, com a realização de um “evento tripartido”, composto por uma exposição, um workshop e um seminário, explica o comissário e curador do projecto MESA, Camilo Rebelo. Depois da realização da exposição “Concursos”, que esteve patente na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto até 9 de Setembro, foi a vez do seminário ter lugar na Casa da Música, nos dias 19 e 20 de Setembro.

Durante o evento, quinze grandes arquitectos discutiram diversos temas, entre eles a aliança da arquitectura à natureza. “Transformar a paisagem para mantê-la, para preservá-la”, diz Rebelo. As requalificações tornaram-se os projectos de maior evidência apresentados pelos arquitectos.

Álvaro Siza, com quem Eduardo Souto Moura trabalhou por cinco anos na década de 1970, apresentou o seu recente projecto de requalificação dos Palácios de Alhambra, em Espanha. Quando questionado se o discípulo supera o mestre, Souto Moura desconversa: “Não gosto da palavra ‘discípulo’. Estamos sempre em aprendizagem, abertos e atentos para compreender o mundo e transformá-lo”, diz.

Os problemas sociais, económicos e políticos também foram discutidos ao longo de todo o seminário. Para o artista Pedro Cabrita Reis, reconhecido pelo seu passado ligado à militância de esquerda, é preciso construir uma consciência colectiva. “Se quero ser artista, tenho que ter um olhar sobre o outro e não apenas um modo de representar o mundo e uma maneira técnica de o materializar. É preciso ter uma forma de o perceber. Ou eu tenho esse olhar e sou artista ou eu não o tenho e sou licenciado na Escola de Belas Artes”, afirma.

Cerca de mil pessoas compareceram ao evento para prestigiar as três décadas de trabalho de Eduardo Souto Moura.