No dia em que o governo discute o orçamento de Estado para 2012, a Geração à Rasca volta a dar nas vistas. Aos manifestantes de 12 de março juntam-se agora “pessoas que trabalham, precárias, desempregadas ou em vias de despedimento, estudantes, migrantes e reformados insatisfeitas com as condições de vida”. A manifestação resulta da adesão à contestação internacional convocada pelos movimentos “Indignados” e “Real Democracia Já”, de Espanha.

João Vilela, da organização da manifestação, disse ao JPN que a manifestação de 12 de março e a do próximo sábado são muito semelhantes, diferenciando-se apenas no contexto político. Em março, “Sócrates era primeiro-ministro havia mais de seis anos, tinha sofrido o desgaste de vários escândalos e PEC recessivos”. “Agora, a chefiar o governo encontramos um praticamente recém-chegado, Passos Coelho”, explica. A organização refere, também, a fraca divulgação mediática da manifestação de 15 de outubro, contrariamente à de março último.

Segundo o manifesto, o objetivo é acabar com a precariedade e com as injustiças sociais provenientes do atual modelo de governação política, económica e social. No entanto, as razões que levam ao culminar de manifestações à escala mundial “são muitas e diferentes” e mudam “de pessoa para pessoa, de país para país”. Mas o ideal de que o sistema democrático fomenta “desigualdades, pobreza e a perda de direitos à escala global”, como está expresso no manifesto, é um elo comum a todos os protestos.

Em relação a possíveis confrontos, a organização nega todas as insinuações e asserções sobre incendiários e tumultos, alegando que são um “perfeito disparate”. “Lá porque Passos Coelho é violento com os desempregados, os reformados, os precários, os utilizadores dos transportes públicos, os consumidores de água, luz e gás, lá porque rouba salários e vende a preço de saldo empresas vitais para a economia e soberania nacional, não significa que o povo vá ripostar com tumultos de rua” garante João Vilela.

“A manifestação é apartidária e não violenta, não sendo intenção de nenhum dos organizadores promover a presença de desestabilizadores”, lembra ainda o promotor do protesto.

“Vários milhares de pessoas” esperados na Batalha

Os manifestantes vão contestar, também, o exercício dos cargos públicos, pedindo que passe a ser, de acordo com o manifesto, “baseado na integridade, na defesa do interesse e bem-estar comum”. A organização espera que estas manifestações contribuam para a gratuidade e qualidade dos direitos fundamentais, de qualquer sociedade democrática: “saúde, educação e justiça”.

Numa altura em que o governo português apela ao entendimento social, João Vilela espera “vários milhares de pessoas” na Praça da Batalha. “Vamos perto das 1.400 confirmações no Facebook, mas é importante lembrar que, em março, havia 66 mil confirmações e aderiram 300 mil pessoas às manifestações, por todo o país”.

Na expectativa de que o dia 15 de outubro seja propício à mobilização nacional, “para que os cidadãos intervenham activamente na construção dos seus próprios destinos”, manifestações por uma melhor democracia saem à rua em todo o mundo.