A “indignação” saiu às ruas da capital de Itália no sábado que, segundo a Agência Reuters, viveu um dos cenários mais violentos de sempre na história recente do país. Várias praças e avenidas da cidade foram palco de protestos tendo, nalguns casos, dado origem a atos de vandalismo. Na Praça San Giovani, o centro dos levantamentos violentos, registaram-se ataques a bancos, montras de lojas e destruição de sinais de trânsito.

Ao longo da tarde, os protestos intensificaram-se quando um grupo de encapuçados anarquistas incendiou vários carros e contentores de lixo. A intervenção da polícia levou a confrontos com os radicais, que investiram contra os agentes com o arremesso de pedras e cocktails molotov. A resposta das autoridades passou pelo uso de jatos de água e gás lacrimogéneo. Os revoltosos incendiaram, ainda, um anexo do Ministério da Defesa italiano e deixaram escritas nas paredes frases como “Guerra ao Estado”, “Morte à Democracia” e “Para além da crise, o mundo é nosso”.

Segundo a imprensa italiana, o grupo que esteve na origem destes atos é alheio à organização da manifestação dos “indignados”, que se diz contra o uso de violência. Grande parte dos protestos decorreu de forma pacífica e fez-se notar através de marchas com apoio partidário ao longo da Via dos Fóruns Imperiais, em direção ao Coliseu e com fim em Pirâmide, onde participaram pessoas vindas das várias províncias de Itália. As fações políticas e respetivas juventudes desfilaram em grupos organizados, enquanto entoavam canções de intervenção e exibiam mensagens de protesto.

Como precaução, foram fechadas quatro estações de metro e encerrados todos os museus, por ordem do presidente da autarquia de Roma. Várias estradas foram bloqueadas e a vigilância reforçada de forma a garantir a segurança dos habitantes e dos muitos turistas. Apesar dos esforços das autoridades, foram contabilizados cerca de oitenta feridos, entre os quais participantes e agentes.

“Unir a oposição: parar Berlusconi”

O endividamento do país e as medidas de austeridade tomadas pelo governo de Berlusconi são os motivos apontados pelos manifestantes, depois da moção de confiança aprovada no Parlamento no passado dia 14 de outubro. A descrença nas figuras políticas, a crítica à corrupção e a inoperância da oposição partidária, foram assuntos que também tiveram lugar nas faixas e discursos dos manifestantes.

“Contra a Europa das bancas: nós o débito não pagámos!”, frase de ordem usada pelos vários partidos, marcou a posição dos intervenientes da manifestação face às politicas europeias e ao aumento da dependência externa que poderá comprometer o futuro do país e dos jovens. “Pai: Tenho Medo”, diz um dos cartazes, transportado por uma criança.

Notícia atualizada às 16h42 de 16 de outubro de 2011