O vaticínio não era difícil de traçar. A jornada oito do campeonato era uma daquelas de compromissos prosaicos, mas onde qualquer escorregadela podia fazer penar nas contas finais dos candidatos à conquista do título. Por isso, Porto, Benfica, Sporting e Braga acautelaram-se e prolongaram a contenda pelo pódio que, à mesma altura no ano passado, praticamente já tinha dono. E não esqueçamos o Marítimo, que soma e segue e continua de mansinho entre os “tubarões”, depois de derrotar o Vitória de Setúbal por 1-0, nos Barreiros.

Porém, não foi fácil para todos passar do papel à prática. Sábado, o Benfica, até então melhor ataque, bateu-se com o Beira-Mar, equipa que menos tentos concedeu aos adversários (agora melhor defesa a par do Braga) e precisou de um “brinde” do guarda-redes aveirense, Rui Rêgo, para conseguir desbloquear o marcador.

Antes disso, as “Águias” conseguiram um bom lance por Witsel mas, não fosse a abordagem extemporânea do guardião da casa e o oportunismo de Cardozo e o jogo podia ter pendido para a equipa de Aveiro. Os comandados de Rui Bento tiveram inclusivé, antes de ficarem em desvantagem, duas ocasiões soberanas para alvejar com sucesso as redes de Artur.

Fc Porto: Uma “sapatada” na crise?

Apesar de tremida, a vitória por 1-0 foi para os encarnados, que se tornaram lideres isolados e colocam uma pressão extra no FC Porto. No domingo, os campeões nacionais entraram no relvado do Dragão dispostos a erradicar de vez as más preces dos adeptos, que acorreram em baixo número para o jogo frente ao Nacional da Madeira, num dia de muita chuva. Os cinco golos no placar induzem no pensamento uma grande exibição do Futebol Clube do Porto, algo que não podia estar mais errado.

Vitor Pereira operou várias mudanças na equipa: sentou James, Kléber, Moutinho, Guarín e Otamendi e fez entrar Varela, Walter, Defour, Belluschi e Mangala, mas o toque revolucionário esteve longe de ser de Midas. Walter e Mangala deram boas indicações, Belluschi trouxe verticalidade e imaginação, Defour e Varela não estiveram mal, mas o jogo do FC Porto continuou trôpego e em esforço. O “bigorna” aproveitou novamente a oportunidade para marcar, tal como Defour, Sapunaru, Kléber e Hulk, sendo que este último assinou um chapéu soberbo já nos descontos da partida.

Do lado do Nacional, Rondon e Juliano inquietaram Hélton e os insulares bem se podem queixar da arbitragem. O árbitro Cosme Machado validou o golo de Walter, o segundo do Porto, com este em situação de fora de jogo e perdoou a Álvaro Pereira a marcação de uma grande penalidade sobre Mateus.

Na pedreira, o Feirense revelou-se incapaz de fazer finca-pé ao Sporting de Braga, ao contrário do que se sucedeu na Luz ou na recepção ao Porto. Os “fogaceiros” vergaram aos 13 minutos, quando na sequência de um pontapé de canto, Nuno Gomes apontou o seu quarto golo na Liga. A equipa da Feira ainda ameaçou voltar ao jogo na segunda parte, mas o virtuosismo de Alan, que rematou com mestria e colocação de fora da área, aniquilou as hipóteses dos visitantes. Ewerton fechou a contagem aos 79 minutos e recolocou o Braga no caminho das vitórias.

Haja “Leão”

Quem não se incomodou com os méritos alheios foi o Sporting. Ontem, segunda-feira, recebeu e venceu o Gil Vicente por 6-1, sem incorrer em loucuras ou ter de carregar muito no acelerador. Aliás, essa será a maior prova de que este Sporting pode encarnar a pele de campeão, pois, não deslumbrando, conseguiu ter a paciência e maturidade que se exigia. Capel, Elias, João Pereira e Matias Fernandez destacaram-se como obreiros de proa, numa partida em que o resultado volumoso surgiu com naturalidade.

Ao intervalo, os “Leões” venciam “apenas” por 1-0, graças ao golo apontado por Daniel Carriço, mas na etapa complementar, Wolfswinkel, na conversão de um penalty, e Capel e Bojinov, ambos com dois golos, ampliaram a vantagem verde e branca, enquanto Roberto foi autor do tento de honra dos gilistas. O Sporting soma assim a nona vitória consecutiva, recorde pessoal do treinador Domingos Paciência, que em Braga conseguira uma sequência de 8 triunfos.

Nesta jornada, nota ainda para a segunda derrota consecutiva da Académica, que contudo segue no 7º posto, o desaire do Vitória de Guimarães, em Olhão por 1-0, e o primeiro triunfo do Rio-Ave contra a União de Leiria, por 2-0.