Através de um biodigestor anaeróbico é possível rentabilizar lixo orgânico altamente poluente. Esta é a conclusão do mais recente estudo realizado pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), em parceria com a empresa Magnetic Fields, que teve origem na tese de mestrado de um aluno chamado Bruno Teixeira.

De acordo com o projeto, será permitido às explorações agrícolas ter uma redução mensal de cerca de 50% na fatura elétrica e aproveitar resíduos orgânicos altamente poluentes, tornando as instalações de gado energeticamente autónomas. Para além disso, os dejetos de animais produzidos pelas explorações de gado podem ser transformados em biogás e energia elétrica a ser usada localmente.

A principal vantagem desta forma de energia em relação a outras energias renováveis é o facto de ser possível “armazenar o biogás para ser utilizado em períodos de maior necessidade da exploração”. Quem o diz é Teresa Nogueira, orientadora da tese de mestrado de Bruno Teixeira e docente no ISEP. A nível nacional, a adoção deste sistema “significaria uma redução de CO2 emitido para a atmosfera de 141 mil toneladas”, afirma.

Segundo Teresa Nogueira, com a implementação de uma unidade de valorização de biogás nas explorações de média e grande dimensão (com cerca de 80 cabeças por gado), a redução dos encargos com fertilizantes seria visível “devido à biomassa resultante do processo de digestão” e a contaminação dos subsolos deixaria de ser um risco “devido à toxicidade dos dejetos”.

Por enquanto o projeto desenvolvido pelo ISEP está em fase de análise por parte do proprietário da instalação utilizada, localizada na região de Braga. Devido às dificuldades económicas em que os proprietários de agropecuárias de dimensão reduzida se encontram “é de extrema importância o apoio e financiamento por entidade que não seja o proprietário”, acrescenta a docente, que, no entanto, acredita ser esta a solução para a sobrevivência de muitas pequenas e médias explorações.