Foi a 1 de janeiro de 2002 que a moeda única europeia entrou em circulação. Dez anos depois, o Euro é utilizado por 332 milhões de pessoas em 17 Estados-membros da União Europeia.

A transição para a moeda única começou a ser feita em 1999 com a produção das moedas e das notas em 15 fábricas europeias. Em 2001 foi lançada a campanha de informação em todos os países aderentes sob o mote “Euro. A nossa moeda” que apelava à população, através de um método simples, a verificação das notas do euro: tocar, observar e inclinar.

No site do Banco Central Europeu (BCE) o presidente da instituição, Mário Draghi lembra que “a introdução do novo numerário constituiu um desafio sem precedentes, mas decorreu com êxito”. João Silva, estudante universitário, tinha 9 anos quando o Euro entrou em circulação. Ao JPN diz que não sentiu grandes dificuldades na transição do escudo para a moeda única. “Não tinha grande contacto com as notas e moedas antigas”. João Silva recorda “com mais clareza as moedas de cinco escudos para ir comprar rebuçados e pastilhas elásticas”.

Já Manuel Silvério, de 73 anos, garante que não foi fácil adaptar-se ao Euro. Para o reformado foi “uma complicação” habituar-se à conversão do escudo para a nova moeda. Ana Maria Santos, de 67 anos, partilha da mesma opinião e diz “que as primeiras semanas foram muito complicadas”. Ao JPN garante que as idas ao supermercado “passaram a ser feitas com os filhos e os netos, para o caso de me tentarem enganar”.

Nova moeda, nova realidade

Em Portugal, o escudo deixou de circular dois meses depois da introdução da nova moeda única, em finais de fevereiro de 2002. Carlos Faria tinha 36 anos e diz que, apesar das campanhas de sensibilização, “foi difícil” habituar-se ao euro. “Lembro-me de usar mais vezes do que queria a máquina de calcular para fazer as conversões”. Para Carla Rodrigues, de 36 anos, “parece que foi ontem que entramos no euro” ainda guarda em casa alguns exemplares da antiga moeda. “É sempre bom guardar alguns exemplares para mostrar aos netos daqui a uns anos”.

Dez anos depois, ainda é inevitável a conversão de preços para a antiga moeda. Manuel Silvério diz que “com os montantes maiores ainda penso no escudo”. João Silva também garante que “os valores que terminam com milhares ou milhões de euros são convertidos” para a antiga moeda.

Ana Maria Santos diz que a conversão dos grandes valores “vai acontecer sempre, por muitos anos que passem”. Já Carla Rodrigues afirma que “as novas gerações nunca vão saber o que é o escudo nem o quanto valem as moedas e notas antigas em euros”.

Regresso ao escudo: hipótese “absurda”

Em tempos de crise, muito se especula sobre o regresso à antiga moeda nacional. Ana Maria Santos diz que tal cenário não é viável: “Portugal ficava ainda mais pobre e afastado do mundo”. Carlos Faria diz que é “absurdo” pensar na hipótese “ainda que a zona euro esteja a passar por uma grave crise”.

Já Manuel Silvério tem “saudades” do tempo do escudo e garante que, nessa altura, “a crise não era tão grande. Se calhar nem era tão mau assim”. Carla Rodrigues acredita que “esta crise vai piorar em 2012” mas não pensa que o regresso ao escudo seja a melhor opção. “Verdadeiras políticas e verdadeiros políticos, isso sim, é a solução para a crise”.