Nos dias de hoje, os clubes de vídeo não passam de uma réstia daquilo que eram nos anos 80 e 90. Segundo a Federação Portuguesa de Editores de Videogramas, em 2010 existiam 300 videoclubes em Portugal, menos 83% do que em 2005.

Cadeias de aluguer não fogem à regra

Ainda no ano passado a Blockbuster, a maior cadeia de aluguer de filmes do mundo, fechou as portas das 17 lojas que detinha em Portugal devido aos sucessivos decréscimos na faturação.

Para os clubes de vídeo que ainda resistem, a palavra de ordem é “adaptação”. Na Senhora da Hora, em Matosinhos, o videoclube “Universo 2” é, também, uma papelaria. Eduardo Matos começou com o negócio do aluguer de vídeos em 1987 e chegou a ter dois estabelecimentos. Em 2009 as dificuldades económicas levaram o comerciante a adaptar o negócio: a solução passou pela abertura de uma papelaria.

Mais de duas décadas depois de entrar no mundo dos clubes de vídeo, na loja restam, apenas, algumas estantes com DVD’s que ainda aluga para “meia dúzia de clientes ao fim-de-semana”. Eduardo Santos garante que agora se dedica, sobretudo, à venda de jornais e revistas. “Tivemos que colmatar a situação com outro tipo de negócio”, acrescenta.

Para o comerciante, a principal “culpada” da crise dos clubes de vídeo é a pirataria. O facto de ser possível, em poucos minutos e de forma gratuita, conseguir um filme na Internet tornou difícil a sobrevivência do negócio. A isso alia-se a disponibilização de milhares de títulos pelas operadoras de televisão, títulos esses que podem ser alugados em casa através do serviço de “video on demand”.

Ainda assim, o comerciante diz que as editoras e a Secretaria da Cultura portuguesa também têm culpa pelo fim do negócio de aluguer de vídeos. Eduardo Santos considera que as entidades responsáveis deviam “pressionar as operadoras para impedir o download ilegal”, como “fizeram na França, na Suécia e noutros países da Europa.”

Com o negócio estagnado, Eduardo Santos admite que quase já não compra novos filmes e garante que não acredita numa solução para o este ramo. “Todos os meus colegas de negócio que conheço já fecharam as portas. Mais tarde ou mais cedo vão acabar (os clubes de vídeo)”, desabafa.