A UPTEC recebeu, na passada semana, a visita de uma startup premiada pela TechCrunch. Durante uma palestra, promovida pelo Startup Pirates, Kasper Hulthin, um dos fundadores da plataforma de trabalho online Podio, falou de empreendedorismo e de novas dinâmicas de trabalho.

Antes, e mal chegara de Lisboa, Kasper aceitou falar com o JPN, aproveitando a hora de almoço. Em cima da mesa, para além da inevitável francesinha, um computador serve de auxiliar à demonstração do que esta startup dinamarquesa fez para conseguir clientes como o Twitter, a BBC ou a BMW. O motivo? A Podio agora está disponível na língua de Camões, menos de um ano depois da sua criação.

Mas afinal o que é a Podio?

A Podio quer mudar a maneira como as pessoas fazem o seu trabalho. É uma plataforma que permite que cada pessoa, mesmo que não consiga pagar para fazer o seu próprio programa, possa ter todas as aplicações necessárias para realizar o seu trabalho. Para além disso, permite que qualquer pessoa crie as suas próprias aplicações, seja para organizar dados ou contactar clientes. Tudo é possível, pois temos mais de 50 mil aplicações diferentes, sendo que a maioria foi criada pelos nossos utilizadores.

Qual é a mais valia deste projeto?

A parte interessante acerca da Podio é que, com esta ferramenta, qualquer pessoa deixa de precisar de recorrer a uma equipa para desenhar software caro e que não é completamente adaptado às suas necessidades. É como o Facebook, mas para trabalho. Por isso, funciona para todos os tipos de negócio, mesmo que o nosso enfoque seja nas pequenas e médias empresas. As empresas até cinco funcionários não pagam nada e, a partir daí, são oito dólares por mês. Os estudantes também não pagam para usar a plataforma para projetos, bem como as organizações não-governamentais.

Vocês estão espalhados um pouco por todo o Mundo, não é? (a empresa é, agora, baseada em Copenhaga e São Francisco e tem 14 funcionários de países diferentes). Como se gere uma equipa assim?

Sim, tudo é feito online. A própria equipa está espalhada pelo globo e comunica pela plataforma. É giro porque é um espaço de trabalho mas, quando as pessoas ganham à-vontade, envolvem-se e passam a ter conversas informais na plataforma.

Planos para o futuro?

Vamos, provavelmente, adicionar mais funções. Estamos sempre a tentar fazer as coisas cada vez mais simples para as pessoas e tornar a criação de aplicações mais fácil. Para já, e recentemente, integramos o sistema com o Google Labs, o que permite, por exemplo, criar tarefas diretamente através do Gmail. Muitos dizem que somos o que o Google Wave deveria ter sido.

Que perfil pode traçar do que viu em Portugal sobre empreendedorismo?

Antes de vir a Portugal, tinha ouvido boas coisas sobre Lisboa, mas nunca pensei no espaço como um lugar com muita atividade de empreendedorismo. Isso mudou depois dos três dias que passei em Lisboa e no Porto. O espírito de mudança nos jovens e os esforços das autoridades governamentais para injetar e acelerar o empreendedorismo esteve muito presente. Pareceu-me genuíno. Pareceu-me que há realmente esperança e incentivo para que as coisas mudem.

Que posição pode ocupar o país a nível internacional nesta área?

Vejo Portugal como um potencial “hub” muito importante entre a Europa, os EUA e o Brasil, mas para conseguir utilizar ao máximo o seu potencial, os empreendedores portugueses precisam de pensar global e começar companhias que queiram chegar bem para além das fronteiras de Portugal. Vocês têm todas as bases, pois falam bem português e inglês, nunca foi tão fácil promover ideias globais e há mesmo muito talento (o que é um bem escasso em todo o lado). Por isso, comecem a construir ideias globais. Ouvi muitos a queixarem-se do ambiente financeiro e que era complicado arranjar investimentos. Eis um segredo: “É difícil em todo o lado, mas os bons investidores andam sempre à procura de boas companhias. Só tens de te meter no mapa”.