Começou, oficialmente, esta sexta-feira, a 32.ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto. Além da esperada ante-estreia de “Shame”, o dia foi marcado pela cerimónia de abertura, com a presença dos três diretores do Fantasporto e do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, onde se prestou homenagem ao cineasta Karen Shakhnazarov.

Foi das mãos de Mário Dorminsky que foi entregue a estatueta de homenagem ao russo. Shakhnazarov foi elogiado por António Reis, que o descreveu como “um autor que antecipou o seu tempo”. O cineasta, considerado uma lenda do cinema da Rússia e diretor geral da Mosfilm, ficou reconhecido mundialmente com o musical “We’re From Jazz” e o filme “Den polnoluniya”, encarado por muitos como a sua obra prima.

Antes da exibição de abertura, o secretário de Estado, em rápidas palavras, frisou que um evento como o Fantasporto, tão importante para a cidade, não deve morrer. “É um festival de culto, um acontecimento com largas tradições na cidade do Porto e em Portugal”, considerou.

Beatriz Pacheco Pereira também se debruçou sobre as crescentes dificuldades na realização do festival. “Fazer um evento como o Fantasporto sempre foi difícil”, diz a diretora. Assim, as entidades responsáveis necessitam de investir na continuidade do festival. Caso tal não aconteça, “2013 será um ano muito difícil e o festival poderá nem sequer se realizar”. Este ano, face à crise, a organização diz ter respondido realizando “o melhor festival de sempre”.

“O filme mais provocante do ano” abre em alta o festival

Shame” (“Vergonha”) é um filme da autoria de Steve McQueen, que acompanha a vida de Brandon (Michael Fassbender), um homem viciado em sexo que, ao mesmo tempo, se depara com o confronto entre as suas compulsões sexuais e os atos autodestrutivos da sua irmã, Sissy (Carey Mulligan).

A exibição da segunda longa-metragem do realizador britânico era um dos pontos altos deste Fantasporto. Por isso, não foi de estranhar uma sala repleta de espetadores, esperando pelo começo do filme. Uma espera que valeu a pena, na medida que “Shame” conseguiu corresponder à responsabilidade de abrir o maior festival de cinema português.

Com uma realização, argumento e atuações ao mais alto nível, o filme prima pela carga emocional que vai criando ao longo da história. McQueen consegue envolver a audiência à medida que vai acelerando o ritmo das cenas e onde se assiste à deterioração psicológica do protagonista. Aliado à realização, está um trabalho de fotografia recheado de simbologia que vai dando, entrelinhas, pistas sobre o tipo de relação entre personagens e os seus estados de espírito.