O executivo chinês anunciou ontem, domingo, um aumento de 11,2% no orçamento reservado para a defesa nacional em 2012. Segundo os valores apresentados, este aumento significa um investimento de cerca de 670 mil milhões de yuans chineses, o que equivale a 80,6 mil milhões de euros.
João César das Neves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, afirma, ao JPN, que “a China está numa situação bastante complicada”. “Vai mudar agora a sua elite, o presidente e toda a estrutura de topo”, revela. João César das Neves garante que a China “está, certamente, com medo de revoltas internas” e tem, neste momento, “mais problemas internos que externos”, o que pode explicar o aumento. “O partido está a ser contestado internamente e começam a haver algumas clivagens”, diz, explicando que esta deve ser a principal razão para o aumento, mais do que “por causa dos ‘vizinhos’ ou dos EUA”.
Esta notícia surge numa altura em que os EUA aumentam a sua influência na região da Ásia e Pacifico, algo que parece não agradar ao governo chinês. Este aumento sugere mesmo um passo largo por parte de Pequim no sentido de contrariar essa tendência. Para além disso, o investimento chinês na defesa, orientado, sobretudo, para a modernização militar, assusta também alguns dos países vizinhos, incluindo o Japão e Taiwan, que mantêm disputas territoriais com a China e já mostraram o seu desagrado.
“É normal que os países vizinhos manifestem alguma preocupação, mas não passará disso” diz João das Neves, que desvaloriza este aumento. “Neste momento não podemos fazer grandes especulações em torno do significado deste aumento, mas é preciso ter atenção: quando um gigante como a China aumenta a sua despesa militar desta forma é preciso estar atento”, reforça o professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.
Por comparação, o orçamento para a defesa nacional em Portugal ronda os 2,2 mil milhões de euros, para 2012. Ainda assim, se dividirmos os valores de cada país pela respetiva população, verificamos que cada chinês “vale” no orçamento para a defesa do país cerca de 65 euros, enquanto que cada português equivale a cerca de 205 euros no orçamento.
Pela China começa esta segunda-feira a sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o maior órgão de poder chinês que vai definir as estratégias políticas e económicas da segunda potência económica mundial. A China tem 1300 milhões de habitantes e apresenta o segundo maior orçamento de defesa do mundo, ainda muito aquém dos 560 mil milhões de euros gastos anualmente pelos EUA.
