As vitórias de Mitt Romney nos estados de Michigan, Arizona e Wyoming têm especial relevância numa altura em que se aproxima o que os norte-americanos chamam de “Super Tuesday”, uma jornada decisiva onde dez estados vão a votos. É a primeira ronda de um mês de ritmo intenso para os candidatos, no qual 22 estados vão às urnas votar no candidato que enfrentará Barack Obama nas eleições presidenciais do dia 6 de novembro.

Mitt Romney tinha vindo a enfrentar uma queda nas sondagens das últimas semanas, mas sobreviveu a este decisivo teste. Em Michigan, estado que viu Romney nascer e no qual o pai foi senador, a vitória era considerada fulcral, não tanto pela significância estatística da eleição, que Romney ganhou por magra margem, mas para evitar ter de lidar com uma constrangedora derrota.

Romney recolheu 41,1% dos votos contra 37,9% de Rick Santorum. Em terceiro lugar ficou Ron Paul (11,6%) e em quarto ficou Newt Gingrich (6,5%). Nas primárias do Arizona, Romney obteve 47,3% dos votos contra 26,6% de Santorum. Gingrich ficou em terceiro com 16,2% e Paul em quarto com 8,4%. Já no sufrágio em Wyoming, Romney obteve 38,9%, derrotando assim Rick Santorum com 31,9%, Ron Paul com 20,8% e Newt Gingrich com 7,8%.

“Os eleitores querem alguém que possa ganhar as presidenciais”

Para Tiago Moreira de Sá, investigador de Estudos Políticos da Universidade Nova de Lisboa (UNL), o sucesso de Romney não surpreende e irá continuar. “É o candidato mais centrista, e, apesar das bases mais radicais do partido, as eleições ganham-se ao centro. Os eleitores querem alguém que possa ganhar as presidenciais”, explica o professor. O fator de elegibilidade tem, portanto, impulsionado a campanha de Mitt Romney. “Os eleitores querem contribuir com o voto útil e as recentes vitórias de Romney têm ajudado a criar esse ímpeto”, defende.

Além destes motivos, Tiago Moreira de Sá acrescenta o sistema eleitoral como favorável ao antigo governador de Massachussets. Os estados onde mais delegados são consignados são estados mais liberais, como a Califórnia ou Nova Iorque, e onde Romney, por ser o mais moderado dos candidatos, poderá ter mais hipóteses, aproveitando também o sistema de “winner-takes-all” (o vencedor ganha tudo) que se aplica em alguns desses estados mais esquerdistas.

Independentemente de quem sairá vencedor, este não terá tarefa fácil para destronar Obama da Casa Branca. Para Tiago Moreira de Sá, o atual presidente dos EUA tem todas as condições para renovar a sua posição no cargo. “Dado o díficil contexto internacional, os indicadores de crescimento económico e de redução do número de desempregos têm sido favoráveis a Obama, também fruto das baixas expetativas”.

Para além disso, e “em termos de política externa”, diz Moreira de Sá, Obama conseguiu três trunfos importantes. “A morte de Osama Bin Laden, a saída do Iraque e o sucesso da operação da Líbia” são dados a ter em conta e que, diz o especialista, vão dar a vitória ao atual presidente.