Em Dezembro de 2010, a associação Porta-Jazz estreou-se com um festival no bar Galeria de Paris. Desde então, a associação programa semanalmente concertos de grupos e músicos de jazz portuenses. Susana Santos Silva, membro da direção e trompetista da Orquestra Jazz de Matosinhos, diz que a Porta-Jazz está aí para “criar um circuito de jazz que ponha o Porto no mapa, dando a conhecer os novos projectos feitos por músicos do Porto”. A associação está satisfeita com a adesão aos concertos, o que revela que “o público existe e só precisa que haja um espaço”, afirma Susana Silva.

A grande dificuldade da associação é a ausência de um espaço próprio, que permita “uma aposta mais consistente na programação regular assim como workshops, masterclasses, residências artísticas e, um dia mais tarde, gravações”, aponta Susana Santos Silva. Sem casa própria, a Porta-Jazz está dependente de pequenas salas de concerto e bares espalhados pela cidade, como a Embaixada Lomográfica do Porto, o bar Tribeca ou a Casa da Madeira do Norte.

A associação tem tentado junto da Câmara Municipal do Porto a cedência de um espaço, mas a resposta tem sido negativa. Neste processo, Susana Santos Silva queixa-se da burocracia no diálogo com a Câmara e com outras entidades públicas, referindo que os caminhos apontados não resolvem o problema. “Andamos de um lado para outro e ninguém nos resolve nada”, acusa.

“Vamos fazendo o trabalho de outras instituições”

O Porto é, por estes dias, uma incubadora de novos projetos musicais e o jazz acompanha esta dinâmica. Para Susana Santos Silva, há “muitos músicos bons, muitos projetos activos e muitos grupos a gravar os primeiros discos” na cidade do Porto. A falta de salas que permitam mostrar o trabalho desses grupos é “dramática e é o motivo do nascimento da associação”.

Enquanto espera por apoios, a trompetista diz que a associação vai fazendo o que pode para divulgar o jazz portuense. “Neste momento só estamos a realizar uma pequena percentagem do queremos fazer, enquanto não conseguimos arranjar um espaço nosso, que seria uma mais-valia para a vida cultural do Porto”, salienta.

Pelos concertos Porta-Jazz já passaram nomes como a Orquestra Jazz de Matosinhos, Quarteto de Mário Santos ou projectos menos conhecidos como os Tubab. Apesar de ter como primeiro objectivo divulgar o jazz feito no Porto, a associação também mostra ao público portuense o trabalho de músicos internacionais em trânsito pela Europa. “Vamos fazendo o trabalho de outras instituições”, lamenta Susana Santos Silva.

O próximo concerto Porta-Jazz é já amanhã. O Matt Renzi Trio atua na Casa da Madeira do Norte, na rua da Torrinha, às 21h30. O trio apresenta-se ao público portuense com o norte-americano Matt Renzi no saxofone tenor e no clarinete, Demian Cabaud no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria.