A zona circundante à rua Miguel Bombarda já é conhecida pelas suas galerias de arte e lojas alternativas, especialmente em alturas de “Inaugurações simultâneas”. Mas a Associação Cultural Terra na Boca quer levar a experiência do Quarteirão das Artes mais além.

Luciano Amarelo, da associação, explica como surgiu a ideia de animar o Quarteirão das Artes (ruas Miguel Bombarda, do Breyner, da Maternidade, do Rosário, Adolfo Casais Monteiro, da Boa Nova, D. Manuel II e o Largo da Maternidade). “Olhei e constatei que isto era conhecido, mas não se percebe bem o que é. É o Soho do Porto? Existe um potencial que está desorganizado”, diz.

O projeto quer unir três públicos: os “bairrões” que residem na área, os “bairristas” que lá trabalham e exibem as suas obras, e os visitantes. Os cerca de 30 “bairristas”, através de uma quota de 20 euros mensais, ajudam a manter o projeto de pé e ganham novos clientes sem gastar em publicidade. Esta colaboração leva ao “conceito de nova aldeia na 2.ª cidade do país”, pretendido pela organização.

O coordenador do circuito vê na zona “uma montra turística aberta ao mundo”, com um grande potencial. É por isso mesmo que Bairro das Artes Circuit se une a eventos já existentes, como as “Inaugurações simultâneas” a decorrer já neste sábado, 10 de março. E é nos dias em que os eventos se cruzam que o feedback é ainda mais positivo. Um dos objetivos é mesmo o de tentar criar uma agenda conjunta, com a oferta adequada à procura do público.

O “muito ambicioso” Bairro das Artes Circuit teve, em janeiro, a sua edição “zero” e pretende continuar até esgotarem os apoios. A programação de março pode ser encontrada no blogue da Terra na Boca e há circuitos para todos os gostos: design, sons e música, saúde e bem estar e até mesmo um circuito infantil. Há, também, cursos, aulas, oficinas, exposições, visitas guiadas e concertos. Entre atividades pagas e gratuitas, até ao final de março o Quarteirão das Artes não vai parar.

Associação Cultural Terra na Boca: três anos a criar eventos “para as pessoas”

A Terra na Boca nasceu há três anos pelas mãos de Luciano Amarelo, que retirou da sua formação e experiência artística inspiração para criar algo “multicultural” e “pluridisciplinar”. A associação abrange as áreas artística, cultural, social, ambiental e bem estar. Existe um centro de formação e outro de produção, onde os formandos passam do estudo à prática.

A prática reflete-se em projetos como o Festival TRANSdisse, no qual se insere o Bairro das Artes Circuit. Cada edição deste festival, que pretende “combinar a transdisciplinaridade com o diálogo”, tem um tema e, se o de 2011 foi o Ano da Rua, faz sentido que este seja o Ano do Bairro. A ideia é trabalhar para “novos públicos”, não apenas uma elite. Luciano Amarelo
diz que o festival “é pensado para as pessoas”, pelo que tem eventos mais espaçados e permanentes ao longo do ano, para o público ter mais escolha.