Este ano, o objetivo do M12M consiste em promover uma ação fora da cobertura mediática que teve a manifestação do ano passado. Segundo o manifesto publicado pelo movimento, a ideia é que as pessoas escrevam as suas ideias para tornar Portugal um país melhor e que as dêem a conhecer. Nos carros, nas varandas, nas janelas, nas redes sociais e, até, na roupa que usam, a intenção é promover a discussão e a partilha de ideais.

Além desta primeira fase, o movimento propõe aos portugueses que desafiem o poder local nas próximas autárquicas. “Hora de ganharmos responsabilidade e de perdermos o medo”: é assim que termina o manifesto que marca a ação de continuidade do M12M no ano 2012.

Alexandre de Sousa Carvalho, um dos fundadores do Movimento 12 de Março, realça que muitas coisas mudaram durante o último ano Portugal. “Mudou imensa coisa, tivemos um governo demissionário semanas após o 12 de março, eleições antecipadas e a entrada da troika em Portugal”, enumera. Acontecimentos da agenda política que abalaram o país mas que trouxeram também novas medidas à sociedade portuguesa. A austeridade que se seguiu “agravou os problemas de precariedade que se faziam sentir”.

“Não há uma geração à rasca, há um país inteiro à rasca”

O Movimento 12 de Março (M12M) nasceu da concretização da manifestação da “Geração à Rasca”, a 12 de março de 2011. Paula Gil, Alexandre de Sousa Carvalho, João Labrincha e António Frazão tomaram a iniciativa quando Portugal atravessava um momento complicado, quer económica quer socialmente.

De uma página de Facebook a um fenómeno nacional, a manifestação da “Geração à Rasca” foi além da revolta de muitos jovens. Quem é o diz é Alexandre de Sousa Carvalho, um dos fundadores do movimento. “Houve gerações inteiras. A minha geração, a dos meus pais e a dos meus avós”, conta.

O principal objetivo do movimento – “pôr a precariedade na agenda pública” – foi cumprido, uma vez que pouco tempo depois do movimento lançado, “já toda a gente falava disso na rua, na Internet e, até, nos meios de comunicação social”. Alexandre lamenta, contudo, que a divulgação do movimento não tenha contribuído para que ele se concretizasse “em termos práticos” na luta contra a precariedade.

Alexandre de Sousa Carvalho afirma que no núcleo de amigos, a intenção nunca foi “serem líderes“, mas sim mostrar às pessoas que devem ter um papel ativo e uma voz na vida política. “Somos nós a democracia e ela será sempre o que nós fizermos dela”, defende. O membro do M12M vê em Portugal a necessidade de existir “uma democracia mais participativa e alguns elementos da democracia direta”.

Alexandre salienta que uma sociedade portuguesa mais desperta e aberta ao debate é condição essencial e que, nesse sentido, o M12M “trouxe mais debate à sociedade civil, o que é de enaltecer”.