A NM Incite, uma empresa da Nielsen/McKinsey, publicou, muito recentemente, um estudo onde revela que, no final de 2011, registavam-se cerca de 181 milhões de blogues por todo o mundo. Este é um crescimento acentuado, tendo em conta que, há cinco anos, em 2006, contavam-se apenas cerca de 36 milhões. Ainda assim, a blogosfera é pouco valorizada em relação às redes sociais.

O consultor em Novos Média Paulo Querido considera que este número “pouco ou nada impressiona”, caso não seja “contraposto ao crescimento do número de blogues mortos ou abandonados”.

Já o jornalista e editor multimédia da RTP António Granado considera que, no caso de Portugal, é difícil afirmar se esta tendência se verifica, uma vez que “não há estudos suficientemente grandes sobre o que se passa na blogosfera” no país. Ainda assim, na opinião do jornalista, em todo o mundo os blogues estão propensos a aumentar e Portugal não será exceção.

A coordenadora dos blogues do Sapo, Maria João Nogueira, afirma que “os números médios de todos os indicadores são crescentes”. A responsável garante que há, atualmente, uma “maior média de posts por blogue” do que no anos anteriores, sendo este um número “em crescimento desde o início da plataforma”.

De acordo com a Netscope, um sistema site centric de medição de acessos à internet, os blogues do Sapo “mantêm-se firmes no 4.º lugar há uns anos” no que toca a visitas e page views, ressalva Maria João Nogueira.

Blogues versus redes socias

António Granado pensa que ainda “muita gente utiliza os blogues para comunicar com as outras pessoas”. No entanto, também “usam as redes sociais”. Diz o jornalista que a diferença está no tempo dispendido de navegação na web. “As redes sociais ocuparam grande espaço” e, também, “muito do tempo que as pessoas utilizam a navegar” na Internet. António Granado acrescenta que alguns sites “perderam a atração que tinham” quando surgiu, por exemplo, o Facebook. “Os minutos que as estatísticas oficiais dizem que passamos por dia no Facebook são minutos que tiramos aos blogues”, acrescenta.

Já Maria João Nogueira acredita que as redes sociais não vieram prejudicar a blogosfera. Diz a coordenadora dos blogues do Sapo que, apesar de serem ferramentas que algumas pessoas “preconizaram que iam matar os blogues”, as redes sociais serviram como uma “fabulosa ferramenta de promoção”. A responsável acrescenta que funcionam “como captação de audiência e não como afastamento”.

Paulo Querido partilha da mesma opinião. O consultor em Novos Média considera as redes sociais como “extensões dos blogues” e com eles se fundem. “Os posts são automaticamente partilhados, os comentários tanto decorrem no Facebook como dentro do site, os mecanismos de fusão são vários”, afirma.

Novas plataformas de comunicação vão aparecer

Cada vez mais os meios de comunicação usam plataformas para “contar histórias de maneiras diferentes”, como é o caso do Storify e do Pinterest, exemplifica António Granado. O jornalista crê, por isso, que as formas de blogging vão aparecer e desaparecer continuamente, como consequência natural do cada vez maior acesso à Internet em todo o mundo. Assim, é normal que tenham “mais utilizadores” e, portanto, “novas plataformas surgirão”, afirma.

Paulo Querido, por seu lado, chama a atenção para o micro-blogging, como o Tumblr e o Posterous que, ao longo de 2011, “não pararam de crescer”, afirma. O articulista defende que, mesmo quando a atenção dos media se “desvia para outras novidades, as coisas continuam a existir, a ter vida”. Paulo Querido diz que os media descobrem as novidades “por camadas”, ou seja, “o que apareceu há três meses nos blogues especializados está agora nos jornais de referência” e, não muito tempo depois, vai estar “nos jornais populares e televisões”.

Também Maria João Nogueira está de acordo com a constante mutação de plataformas. A responsável acredita que “os blogues vão evoluir”, tal como tem acontecido ao longo dos anos. “O que no início era apenas um conjunto de links, passou a comportar outras formas e formatos, e é o que vai continuar a acontecer” afirma. Maria João Nogueira não duvida, portanto, de que o blogging se encontra “longe de estar esgotado”.