O anúncio, feito por um porta-voz do Comité Coreano para a Tecnologia Espacial, volta a aumentar a tensão. O lançamento de um satélite de “observação terrestre” levanta de novo a suspeita de que os norte-coreanos estão a testar mísseis inter-continentais. O acontecimento, a ocorrer entre 12 e 16 de abril, serve para marcar o centésimo aniversário do falecido líder e fundador do país, Kim Il Sung, pai de Kim Jong Il.

Poucas semanas depois de ter estabelecido um acordo com os EUA para terminar os testes de mísseis de longo alcance em troca de 240 mil toneladas de comida para ajuda humanitária, este anúncio apanha de surpresa a comunidade internacional. O ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano reagiu dizendo que o lançamento de um satélite “seria uma grave provocação que ameaça a paz e segurança da península coreana”.

Apesar de terem sido apanhados desprevenidos, não é provável que os EUA tomem qualquer tipo de atitude a este respeito por enquanto. Tiago Sá Moreira, professor da Universidade Nova de Lisboa (UNL), não acredita que este facto vá afetar as relações com os EUA, “desde que a Coreia do Norte dê sinais de que quer cumprir o acordo com os americanos e pare com o programa nuclear”.

O especialista em política externa dos EUA constata que “o simples facto de lançar um satélite não é, em si mesmo, considerado um ato hostil”. Sá Moreira lembra que “a própria China tem um programa espacial muito avançado e isso, só por si, não é um fator de conflito ou tensão”.

A Coreia do Norte já lançou satélites para o espaço em duas ocasiões. A primeira vez em 1998, e a segunda mais recentemente, em 2009. Nesse ano, o Conselho de Segurança considerou que o lançamento ia contra a proibição dos norte-coreanos em levar a cabo atividades relacionadas com mísseis e tomou uma série de resoluções para que tal não voltasse a acontecer.

Apesar das desconfianças e da potencial violação dessas resoluções, o docente da UNL acha “pouco provável” que este facto esteja ligado ao teste de mísseis nucleares. Diz ainda que “mesmo a China está interessada numa solução diplomática para a questão da Coreia do Norte”. Mas a verdade é que Hillary Clinton, Scretária de Estado norte-americana, já considerou este anúncio como “altamente provocativo”. Resta, agora, esperar por mais desenvolvimentos.