O coração e a personalidade estão mais relacionados do que aquilo que se pensa. Um estudo da Freie Universität Berlin, na Alemanha, demonstra que a frequência dos batimentos cardíacos revela características da personalidade do ser humano.

Através da avaliação da atividade cardíaca, com recurso a eletrocardiogramas, os cientistas identificaram uma relação entre os traços de personalidade com a amplitude e a frequência do ritmo do coração. Os testes mostraram que os batimentos cardíacos permitem prever determinadas emoções, assim como características relacionadas com distúrbios emocionais, o que pode ser útil no reconhecimento de potenciais riscos.

Vítor Lagarto, cardiologista, explicou ao JPN que a formação do ritmo cardíaco depende do Sistema Nervoso Autónomo, responsável por comandar mecanismos que não se podem modificar conscientemente. Quanto ao estudo, o médico ressalva que esta relação já era conhecida e que ainda não é possível comprovar esta teoria. “Devido ao facto das amplitudes de eletrocardiograma variarem com a idade dos pacientes, é arriscado tirar para já conclusões definitivas”, esclarece.

Batimento cardíaco mais eficaz do que testes de personalidade, diz estudo

O estudo defende que os batimentos cardíacos são uma forma mais eficaz de identificar as características da personalidade do que os habituais testes de personalidade, que podem ser facilmente manipulados ou mal interpretados. Além disso, a frequência cardíaca permite reconhecer certos distúrbios emocionais como a depressão ou doenças cardiovasculares

Maria Emília Areais, directora do departamento de Psicologia da Cooperativa de Ensino Politécnico e Universitário (CESPU) não concorda que este processo seja mais eficiente do que os tradicionais métodos de avaliação de personalidade. “O eletrocardiograma é um meio mais complexo do que os normais questionários”, explica a psicóloga, que garante já existirem formas de avaliação da personalidade “perfeitamente eficazes para o efeito”.

Investigações anteriores tinham já descoberto uma ligação entre determinados padrões de atividade elétrica do coração e pessoas que mostram pouca ou nenhuma emoção. O próximo passo é descobrir se certos comportamentos como ouvir música ou ver filmes alteram os estados emocionais e a frequência elétrica do coração.