A dias da próxima greve geral, marcada para quinta-feira, 22 de março, a União dos Sindicatos do Porto (USP) recebeu uma conferência de imprensa de antevisão da greve, por parte da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN). Presente na sessão, o coordenador da USP e membro da comissão executiva da CGTP-IN, João Torres, diz esperar uma “grande greve geral” e uma “concentração maior” do que “a da última, de 24 de novembro”.

Manifestação nos Aliados

No Porto, a manifestação está marcada para as 15h00 na praça da Liberdade. Relativamente à concentração e ao fecho de ruas no Porto, o coordenador defende que “pelo menos” esta avenida “estará fechada ao trânsito”.

De acordo com João Torres, há uma “garantia de haver boas participações em toda a administração pública e também na administração local”, existindo, igualmente, confirmação por parte do Comércio de escritórios e serviços do Porto (CESP) na adesão à greve por parte de alguns hipermercados. Também são várias as câmaras que confirmam o encerramento dos seus serviços no dia 22, como as câmaras de Vila do Conde, Valongo, Porto, Vila Nova de Gaia e Felgueiras, assim como “quase todas as cantinas” hospitalares, designadamente “a do Hospital de S. João, a de Pedro Hispano e a da Prelada”. Os trabalhadores que procedem à recolha do lixo em Matosinhos e Gondomar também já confirmaram a adesão à greve e ainda “um conjunto de empresas do setor privado” dão “garantias” de adesão à CGTP.

Aliás, a greve geral pode já começar na quarta-feira às 20h00, diz João Torres, com o setor da recolha de lixo.

Um dia de “sacrifício” e “investimento”

“A greve geral vem no sentido de travar e inverter esta política de suicídio nacional. Cada vez há menos democracia”, diz.

A grande adesão que esperam deve-se, diz João Torres, a uma “situação política, económica e social demasiado complicada”. “A greve geral vem no sentido de travar e inverter esta política de suicídio nacional. Cada vez há menos democracia”, diz. Por isso mesmo, este “é um dia que custa”. “É um sacrifício que se faz, mas é um investimento”, assegura.

A pobreza “que alastra de uma forma cada vez mais evidente” e a recessão económica que “ultrapassa as previsões mais otimistas do governo”, foram outros dos tópicos abordados por João Torres, que falou detalhadamente do impacto que as medidas governamentais têm tido na vida dos portugueses. “Um milhão e 200 mil trabalhadores com rendimentos pobres, mais de um milhão de idosos com pensões de misérias entre os 200 e os 300 euros, 400 mil trabalhadores com o salário mínimo nacional e, deduzidos os descontos para a segurança social, ficam abaixo do limiar da pobreza”, diz.

Transportes coletivos do Porto afetados pela greve

O pré-aviso de greve por parte da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) alerta que não vão existir perturbações nas linhas 10, 55, 61, 64, 68, 69, 70, 94 e ZR. A mesma entidade avisa, também, no pré-aviso de greve, que são assegurados serviços mínimos para as linhas 200, 205, 300, 301, 305, 400, 402, 500, 501, 508, 600, 602, 603, 701, 702, 801, 901, 902, 903, 905, 906, 907, 4M e 5M “por decisão do Tribunal Arbitral a pedido da STCP”. As perturbações podem sentir-se das 23h00 do dia 21 de março até às 2h00 do dia 23.

Em declarações ao JPN, Jorge Morgado, assessor da Metro do Porto, realça a “operação, em princípio, de toda a linha amarela”, que faz ligação entre o Hospital de S. João e Sto. Ovídio e também “o tronco comum às linhas azul, vermelha, verde, violeta e laranja entre o Estádio do Dragão e a Senhora da Hora”. Sem funcionamento vão estar todas as linhas “da Senhora da Hora para norte”, nas direções Póvoa de Varzim, ISMAI, Aeroporto e Senhor de Matosinhos e o troço da linha laranja entre Contumil e Fânzeres. O assessor da Metro do Porto garante que “em todo o caso, as zonas mais centrais do Porto vão estar cobertas” e que a oferta “disponível quinta-feira corresponde a 80% da procura normal num dia útil”.

Já em relação à operação dos Comboios de Portugal (CP), o gabinete de Relações Institucionais e Comunicação divulgou a decisão de serviços mínimos por parte do Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social. De acordo com a CP, todos os detalhes que dizem respeito ao trajeto de cada linha podem ser consultados “nos vários canais de informação da empresa”.