Um estudo divulgado hoje, terça-feira, após o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), em Évora, concluiu que quase metade (48%) dos alunos do ensino superior atravessa dificuldades financeiras e que destes 65% (o que representa 30% do total de estudantes inquiridos) correm o risco de deixar os estudos ainda este ano letivo por esse motivo. O estudo também revelou que, entre os alunos que passam dificuldades, 69% não beneficia de bolsa de ação social.

Nos inquéritos foi perguntado aos alunos se se sentem preparados para entrar no mercado de trabalho, sendo que 58% respondeu que não e 42% que sim. Quanto às intenções de emigrar depois de terminar o curso, mais de metade (55%) respondeu que sim e 45% disseram que não tencionam abandonar o país.

Responderam aos inquéritos, feitos este ano nas universidades e politécnicos de Portugal continental e Açores, quatro mil alunos, num universo de cerca de 130 mil.

“Resultados concretizam a ideia que já se tinha”

Sérgio Martinho, presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), espera que os resultados deste estudo sirvam para se “abrir os olhos” para o problema. “Este estudo surgiu precisamente para que os órgãos competentes se apercebam da realidade dos estudantes universitários”, revela Sérgio Martinho, acrescentando que os resultados são preocupantes e “concretizam a ideia” que a associação já tinha quanto à realidade económica dos estudantes.Sérgio Martinho faz questão de observar que este é “um problema de nível nacional”. “Metade dos estudantes passarem por dificuldades económicas é muito grave”, conclui.

Já José Rocha, presidente da Federação Académica de Viseu (FAV), diz que a divulgação destes resultados é “uma forma de mostrar à opinião pública” a gravidade da situação. “Este problema das dificuldades financeiras dos estudantes é um reflexo da crise financeira, mas sobretudo da crise social”, garante. O presidente da FAV acrescenta, ainda, que esta situação terá consequências no mercado de trabalho. “Já são visíveis os números do desemprego jovem. Esta situação vem agravar sobremaneira este problema”, conclui.