Gzoltar não é um robot. Nem um ser vindo do espaço. É o nome de uma ferramenta que permite detetar erros de programação em linhas de código de um software, uma espécie de “caçador de bugs”. Se continua sem perceber o efeito prático desta aplicação, ninguém melhor para explicar que Rui Maranhão, responsável pelo projeto.

“Imaginemos que tínhamos um documento Word sem o detetor de erros automático e que apenas dizia no final que havia um erro qualquer algures no texto. Teríamos que ler o documento inteiro, palavra a palavra, à procura desse erro, o que seria muito dispendioso. O que nós tentamos fazer é idêntico ao detetor de erros, mas ao nível do software. Isso permite-nos descobrir muito mais rapidamente o erro no programa, o que facilita e muito o nosso trabalho”, afirma.

O professor e investigador da Faculdade de Engenharia da UP (FEUP) utiliza um exemplo bastante perceptível das dificuldades até aqui encontradas pelos programadores. “Um programa de software da televisão tem cerca de três milhões de linhas de código. Vamos supor que cada linha tem uma palavra, estamos a falar de três milhões de palavras. Sem o Gzoltar teríamos que ir a cada uma dessas palavras ver se havia lá algum problema”, explica.

“Já existem várias empresas interessadas no projeto”

A ideia para este projeto surge a partir da tese de doutoramento de Rui Maranhão. Depois de quatro anos a teorizar e investigar o assunto, chega ao Porto em 2009. Foi então que decidiu pôr em prática a sua ideia, juntando André Riboira e José Carlos Campos, dois alunos da FEUP que desde então se dedicam também ao desenvolvimento do projeto.

A equipa já realizou vários testes com alunos de diferentes universidades (Porto, Lisboa e Madrid) e Rui Maranhão diz-se contente com os resultados desses testes. O responsável pelo Gzoltar tem, de resto, boas perspetivas de futuro em relação ao projeto. Rui conta que “já foram feitos alguns casos de estudo com empresas, que se mostraram muito interessadas no projeto”.

O Gzoltar está disponível para “download” gratuito no site oficial. Para já, a resposta tem sido bastante positiva. Rui afirma que os pedidos já começam a ser muitos para o número de pessoas envolvidas no projeto, já que isso exige um contacto com a pessoa para ensinar a utilizar a ferramenta. Ainda assim, a equipa está bastante satisfeita e Rui não tem qualquer dúvida ao afirmar que “o que está a ser oferecido é algo que não foi feito até hoje, é novo e diferente”.