“Temos alguns valores tradicionais na nossa sociedade que gostaríamos de preservar”, disse Ellen Johnson Sirleaf, Nobel da Paz em 2011, ao jornal britânico “The Guardian”, em resposta à questão da descriminalização de atos homossexuais na Libéria, onde a “sodomia voluntária” (prática de sexo anal) é punível até um ano de prisão.

Atualmente estão em discussão mais dois projetos lei que pretendem sentenças ainda mais duras, mas a presidente diz que ainda não está decidida a assinatura de “nenhuma lei que tenha a ver com essa área”. “Nós gostamos de nós tal como somos”, afirmou.

Tony Blair, de visita à Libéria enquanto fundador da Iniciativa Africa Governance (AGI), estava presente na entrevista, visivelmente incomodado, e recusou-se a fazer comentários quanto às declarações de Ellen Sirleaf. “Uma das vantagens de estar na minha posição é poder escolher os assuntos de que falo e dos que não falo”, afirmou.

Perante a insistência da jornalista para obter resposta de Blair quanto a este assunto, a presidente da Libéria interrompeu e afirmou que aquele assunto não lhe dizia respeito. “AGI Libéria tem temas de referência específicos… é tudo o que precisamos deles”. O ex-primeiro ministro britânico é conhecido como um dos maiores defensores da igualdade jurídica dos homossexuais, por causa de várias decisões que levou a cabo ao longo dos dez anos de mandato.

O debate acerca dos direitos dos homossexuais surgiu na Libéria após a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, anunciar que o orçamento dos EUA para ajuda externa incluía promover a defesa dos direitos gay. A resposta não tardou. Nos jornais liberianos classificaram a homossexualidade como “uma abominação”, “abuso” e “profanação”. Entretanto, só no mês passado, houve pelo menos seis ataques homofóbicos na Monróvia, a capital do país.

Apesar dos apelos de Ban Ki-moon, a homossexualidade ainda é ilegal em 37 países africanos.