Por enquanto é só um protótipo dos laboratórios da Microsoft, mas o Lifebrowser pode vir a ser uma ferramenta bastante útil. Através de uma cronologia, os utilizadores vão poder navegar entre a imensidão da sua informação pessoal (fotografias, emails, documentos) e, de clique em clique, saltar pelos momentos da sua vida que consideram mais especiais.

Eric Horvitz, o cientista norte-americano que concebeu o Lifebrowser, explica ao site CIOL que a criação do software se justifica pela existência de demasiados acontecimentos na esfera digital dos utilizadores. “Queremos tornar as máquinas de uso local em centros de data mining que sabem tudo sobre uma pessoa ou a suas memórias, para melhorar a navegação no meio de grandes volumes de informação”, acrescenta.

Uma viagem ao longo da cronologia

A cronologia é construída com base em momentos que os utilizadores marcam como sendo importantes. Partindo desses marcadores, e com recurso a um sistema de algoritmos de inteligência artificial, o Lifebrowser associa outros acontecimentos e, assim, vai reconstruindo e organizando o passado.

O navegador, projetado desde 2004, oferece diversas possibilidades aos utilizadores: pesquisar uma data específica e saber todos os registos online referentes a esse dia, pesquisar uma pessoa e descobrir qual foi o primeiro email que trocaram ou em que fotografias surgem juntos, saber quantas fotos foram tiradas num determinado acontecimento, entre outras.

Sérgio Nunes, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, considera que é “uma ferramenta para a gestão pessoal da informação será sempre bastante útil”. No que respeita à organização das fotografias, a utilidade do Lifebrowser evidencia-se. “Cada vez é mais difícil saber quantas fotografias temos e quais queremos em determinado momento. Tê-las organizadas vai poupar-nos algum tempo”, acrescenta.

No meio de tanta informação, às vezes, o Lifebrowser não tem a certeza da importância dos acontecimentos. Quando isso acontece, o internauta tem apenas de fornecer pistas úteis sob a forma de marcadores e o programa tenderá a reconhecer o que é realmente importante para o utilizador.

Não há perda de privacidade?

Sempre que um programa informático se aproxima tanto da informação pessoal dos utilizadores, levantam-se questões relativas ao respeito da sua privacidade. Eric Horvitz garante que a atuação do Lifrebrowser vai confinar-se aos computadores pessoais. “Há muitas potencialidades de data mining e personalização nos computadores pessoais, e nem eu me sentiria bem em partilhar este tipo de informação”, refere ao site Verge.

Para Sérgio Nunes, uma vez que a ferramenta é exclusiva ao uso de computadores pessoais, a privacidade não representa um grande problema. “E mesmo se fosse em rede, era relativo. As pessoas prescindem da privacidade em função do que lhes dá prazer, como acontece nas redes sociais”, explica o docente.

O design do navegador foi desenvolvido para reproduzir o modo como os utilizadores se recordam dos acontecimentos, sendo especialmente útil a pessoas com problemas de memória.

Qualquer semelhança visual com a cronologia do Facebook é pura coincidência. Ainda não há datas para quando o Lifebrowser, da Microsoft, vai estar disponível, mas quem sabe no futuro Windows 9?