“Trabalho sim, desemprego não” foi uma das frases mais ouvidas na manifestação convocada para hoje, quinta-feira, pela Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP). A concentração portuense estava prevista para as 15h00 na Praça da Liberdade, mas, antes da hora marcada, já alguns manifestantes estavam concentrados na praça dos Leões ao pé da reitoria, local onde o primeiro-ministro iria estar presente.

Talvez por isso, poucas eram as pessoas concentradas nos Aliados à hora da manifestação. “Há mais polícia do que manifestantes”, comentavam alguns transeuntes. À hora marcada, um dos porta-vozes da CGTP -IN anunciou pequenas alterações em relação à manifestação que se prendiam com a vinda de Passos Coelho à reitoria da Universidade do Porto (UP).

Já com mais alguns elementos presentes, o membro da CGTP colocou à consideração dos manifestantes uma resolução do sindicato, para ser entregue ao primeiro-ministro português. Rejeitar “o aumento do tempo de trabalho à borla”, combater “o pacto de agressão aos trabalhadores” e exigir “a renegociação da dívida” são alguns dos objetivos desta resolução, aprovada “in loco” pelos trabalhadores.

Seguindo o som das buzinas e dos megafones, os manifestantes, com os membros da direção a conduzir o protesto, caminharam em direção à reitoria, gritando frases de ordem como “a luta continua nas empresas e na rua” e “contra a exploração, a luta é solução”.

Nova manifestação a 31 de março

Os manifestantes demonstraram o seu desagrado contra as leis laborais, as faltas de oportunidades e o desemprego que se sente nos mais jovens, uns mais revoltados do que outros. Por entre a manifestação estavam, também, alguns curiosos que decidiram apoiar esta causa. Jorge Costa, funcionário da Salvador Caetano, assistiu ao início da manifestação nos Aliados e aderiu à greve, pois sente-se mal remunerado. “Estão-nos a cortar tudo o que são os benefícios de saúde, de ordenados…estamos a ser espremidos até à última”, garante. O grevista acrescenta, ainda, que, “para os jovens que vêm depois de nós, acho que isto está muito mau”.

Na praça dos Leões eram vísiveis cartazes de todo o tipo, com palavras contra o desemprego, contra o governo e figuravam, ainda, imagens de Passo Coelho comparado com António de Oliveira Salazar. Diretamente do autocarro da CGTP-IN, o líder sindical João Torres acusou o primeiro-ministro de ser “um dos principais responsáveis por todo o sofrimento” do povo português. No final, o membro executivo apelou à participação dos jovens na próxima manifestação, a 31 de março, em Lisboa. Depois de entregar a resolução a um dos assessores do primeiro-ministro, João Torres, em declarações à imprensa, falou do estado do país e da sua satisfação em relação à manifestação e à greve. “Trabalhamos bem. Demos o melhor do nosso esforço”, assegura.

Os manifestantes começaram a dispersar da praça dos Leões depois de João Torres ter falado com a imprensa e já com Passos Coelho dentro do edifício da UP.