O Dia Mundial do Teatro foi assinalado de forma diferente pelo Teatro Nacional de S. João. A instituição promoveu, durante a tarde de ontem, um fórum de discussão aberto ao público acerca da situação atual do teatro na cidade do Porto.

Na mesa de debate e na plateia estavam presentes entidades representativas de várias companhias, teatros e festivais, atores, responsáveis por escolas artísticas e criadores que desenvolvem projetos culturais na cidade, das quais são exemplo o Teatro Ensaio, o Teatro Helena Sá e Costa, a Dois Pontos Associação Cultural, Balleteatro, entre outros.

Os assuntos debatidos passaram pela relação com os espaços, na qual foi sugerida a criação de uma possível rede de circuito alternativo de salas de teatro independentes ou dos teatros da cidade, para que desta forma seja promovida a circulação dos públicos.

As alternativas de divulgação dos projetos teatrais que se desenvolvem na cidade foram também a debate. Uma das propostas apresentadas passava pela criação de livros de teatro publicados de 5 em 5 meses, onde se mostrasse ao público da cidade que peças é que estariam em cena durante um determinado período de tempo. Esta sugestão para uma maior divulgação do que é feito na cidade foi ao encontro de uma nova problemática com que as companhias se têm vindo a deparar, que se relaciona com uma quebra acentuada do público.

A utilização dos financiamentos do Estado, a questão do Teatro Municipal Rivoli e a exigência de quantias incomportáveis para o aluguer de salas por parte das companhias foram também discutidos.

O ator Júlio Cardoso declarou a emergência da criação de uma Lei do Teatro para que sejam asseguradas as mínimas condições para as companhias. Ao longo das quatro horas de debate, houve ainda tempo para abordar a questão das escolas de teatro da cidade do Porto e da necessidade de uma maior sensibilazão das escolas básicas e secundárias para a ida ao Teatro. O diálogo entre produtores e novos produtores e entre criadores e programadores foi uma das soluções mais apontadas para resolução de alguns problemas da comunidade teatral.

Próximo passo: “concretizar propostas”

A plateia do Teatro Carlos Alberto contou com a presença de alguns estudantes, criadores, professores e responsáveis de espaços culturais que participaram ativamente no debate apresentando algumas questões, mas também algumas soluções.

Andrea Gabilondo era uma das assistentes e considerou a iniciativa “muito interessante”. A responsável da La Marmita Associação Cultural defendeu, contudo, que para que algumas das propostas apresentadas não morram, “concretizar seria o próximo passo”.

Amarílis Felizes é estudante do curso de Teatro, direção de cena e produção da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo. Para a aluna, “é importante que estas pessoas se encontrem, mas também não podemos passar o tempo todo a encontrar-nos porque também é importante fazer coisas”. De todas as propostas apresentadas, Amarílis destaca a “aplicação de uma pequena brochura informativa de divulgação de todos os espetáculos que decorrem na cidade do Porto”, uma vez que um dos principais problemas constatados é “a falta de divulgação dos espetáculos”.

Por seu lado, Jorge Figueira, dramaturgo e crítico, destaca a importância de se promover “espetáculos com carreiras mais longas e de haver mais do que um espetáculo no mesmo espaço, no mesmo dia”. O dramaturgo descreve a iniciativa levada a cabo pelo Teatro Nacional como “a melhor iniciativa dos últimos anos no Porto para unir a classe teatral”, revelando “uma vontade de superar as rivalidades que existem no Porto, assim como uma vontade de criar um espaço onde as pessoas possam falar de teatro, discutir os projetos sem terem medo de estar sujeitos a ataques pessoais”. Jorge Figueira defende que o encontro de Teatros “foi uma boa maneira de o Teatro de S. João assinalar o dia mundial do Teatro”.