Ana Catarina Pinho tem 28 anos e recusou-se a alinhar na crise que atinge o mercado da fotografia. Fotógrafa documental e amante da área, fez do Archivo o seu projeto pessoal. “Existe uma falha enorme de fotografia documental a nível nacional e é uma área muito difícil para quem quer começar agora”, diz. O Archivo é não só um grupo de fotografia documental que discute esta área, mas uma plataforma para mostrar o trabalho tanto de fotógrafos com uma carreira reconhecida, como o de fotógrafos emergentes.

A Archivo Zine é a primeira iniciativa deste projeto e é dirigida a quem pretende “estar a par dos trabalhos que são feitos na fotografia contemporânea”. Lançada este mês, é uma publicação online, temática e trimestral da área da fotografia documental, estando a edição a cargo de Ana. Com ela colaboram um editor convidado para cada edição e vários fotógrafos internacionais, do Japão à Polónia, que ajudam, essencialmente, na “divulgação internacional”.

Aos fotógrafos emergentes que quiserem ver o seu trabalho publicado basta enviar um portefólio relacionado com a temática escolhida para os contactos indicados no site do Archivo. Estes portefólios serão posteriormente avaliados por um júri composto por fotógrafos ligados à temática e esta seleção promete “projetos inovadores e ambiciosos” e parece já ter começado a dar frutos.

Archivo Zine com mais impacto no estrangeiro

Na primeira edição da publicação, o tema escolhido é a “Found Photography”, um género que se baseia na recuperação e exposição de fotografias perdidas, não-reclamadas ou descartadas, e que “funciona como um tributo à fotografia”. Joachim Schmid – considerado pioneiro deste género – é um dos colaboradores desta edição, assim como Mark Duren – uma referência internacional na história e teoria da fotografia contemporânea.

Apesar da oportunidade para os fotógrafos emergentes, ainda não houve grande adesão por parte do público português, principalmente quando comparada com o impacto que teve a nível internacional. “As candidaturas portuguesas estão sempre em minoria”, afirma Ana Catarina. Por outro lado, o site já teve acessos consideráveis oriundos dos Estados Unidos e de países da Europa de Leste.

A edição de janeiro, fevereiro e março já está disponível no site para leitura, mas não pode ser descarregada. A ideia de Ana Catarina Pinho é, no final de cada ano, compilar num pequeno livro os projetos publicados digitalmente na revista. Este livro terá um custo mínimo, uma vez que “o Archivo é um grupo independente e até agora não tem financiamento, pelo que é preciso cobrir os custos”, explica Ana Catarina.

Além da Archivo Zine, Ana Catarina está a preparar uma mostra de cinema relacionado com a fotografia. O evento Archivo in Motion vai realizar-se de 19 a 22 de setembro, no Breyner 85, e brevemente será fixado o preço de entrada. Além da exposição e dos filmes, englobará um workshop para fotógrafos.