O Centro de Genética do Porto funciona no Porto desde 1980 e pertence ao departamento de Genética do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), um organismo público dotado de autonomia científica, técnica, administrativa, financeira e património próprio.

O departamento desenvolve as suas atividades ao nível das doenças genéticas, genómica funcional e genotoxicidade ambiental, tendo em vista o desenvolvimento dos conhecimentos na área da saúde. Ao mesmo tempo, tem contribuído também para a cultura científica nas áreas da genética humana e médica e oferece formações na área em que é especialista.

No início de fevereiro deste ano, o ministério da Saúde anunciou a transferência do Centro Genético para o Centro Hospitalar do Porto, que se vai manter transitoriamente no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge até 31 de dezembro de 2012.

A 28 de fevereiro, a Assembleia Municipal do Porto aprovou uma moção do Partido Socialista (PS) que contestava a extinção do Centro de Genética e exigia informação clara e precisa acerca da decisão tomada. Em resposta à indignação, o ministério da Saúde já esclareceu que essa hipótese está fora de causa e que a medida visa apenas a integração da instituição no Centro Hospitalar do Porto.

As consequências para os doentes que frequentam o Centro de Genética constituem também uma preocupação, uma vez que existem procedimentos essenciais que apenas quem trabalha com doenças raras e conhece a história clínica do paciente consegue solucionar de imediato.

A insatisfação face à medida

Além da transferência do Centro de Genética Médica Jacinto Magalhães para o Centro Hospitalar do Porto, foi também anunciada a transferência da Unidade de Rastreio Neonatal do CGMJM para o Centro de Saúde Pública Doutor Gonçalves Ferreira. A insatisfação face a estas decisões fez com que o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica convocasse uma reunião para o dia 28 de março com os profissionais e trabalhadores do Centro, a fim de tomar algumas decisões relevantes para o caso.

Em declarações no final da reunião, Almerindo Rego, presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, recordou a integração, em 2007, do Instituto de Genética Jacinto Magalhães no Instituto Ricardo Jorge, que fez com que o CGMJM obtivesse dívidas na ordem dos cinco milhões de euros. O presidente manifestou também a sua indignação face ao envio de equipamento para o Centro de Saúde Pública Gonçalves Ferreira, e afirmou que vai ser solicitado um rigoroso inquérito acerca dos acontecimentos sucedidos.

Almerindo Rego anunciou a vontade de os trabalhadores quererem mostrar a sua indignação ao Parlamento face à situação.

O JPN tentou contactar o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge mas não obteve mais esclarecimentos.