O estudo, realizado online, revela que em quase 30% das empresas portuguesas o assunto tem sido discutido informalmente. Foram analisadas cinco mil empresas, entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, revelando que 40% delas já utilizam o serviço de cloud computing.

Mas em que consiste esta ferramenta? Traduzindo para português, a nuvem de computação é uma tecnologia que permite alojar, num mesmo local (numa “nuvem”), redes, servidores, armazenamento, aplicações e serviços. Recursos de computação que podem ser acedidos a qualquer momento pelos utilizadores. A eficiência, rapidez e facilidade, assim como a redução de custos, são os maiores atrativos para as empresas utilizarem serviços de cloud.

Paulo Calçada, presidente da EuroCloud Portugal, especialista nesta temática, afirma que esta estratégia traz diversas garantias a uma empresa, como “segurança, elevada disponibilidade, elasticidade, facilidade no acesso – preferencialmente através da Internet e interoperabilidade entre prestadores de serviços”.

Contudo, acrescenta que, “infelizmente, em especial devido aos custos e complexidade tecnológica, não tem sido possível, para a maioria das empresas, alcançar este resultados”. O responsável da EuroCloud defende a aplicação do cloud computing à administração pública, mas afirma que é importante “compreender os grandes benefícios de uma aplicação gradual do modelo.”

Mercado das TIC é dominado por modelos pouco flexíveis

“O mercado internacional das TIC, nomeadamente na Europa, é fortemente dominado por modelos pouco flexíveis e que não possibilitam a entrada fácil de novas empresas. Para impulsionar esta mudança, a Comissão Europeia tem apostado na uniformização de metodologias de compra e contratação de serviços, assim como na definição de políticas de interoperabilidade, tudo medidas que se esperam venha a ter um contributo decisivo para o desenvolvimento e abertura do mercado.”, remata.

O cloud computing tem como principal objetivo, segundo Paulo Calçada, “reposicionar as tecnologias de informação e comunicação (TIC) dentro da organização empresarial, alterando o enfoque atual nas tecnologias para um enfoque nos processos e na sua simplificação”. Em Portugal, considera que terá um “forte impacto” na economia de duas formas distintas. Através do “impacto direto que o modelo de cloud computing traz para a indústria das TIC nacional, pois permitirá que as nossas empresas passem a aceder a um novo mercado, mais competitivo” e o facto de que “todas as empresas podem implementar estratégias de consolidação das TIC, no sentido de as tornar verdadeiros agentes catalisadores de inovação organizacional.”

Em Portugal, há um conjunto de empresas que já utilizam este serviço, “desde micro empresas” até “empresas de grande dimensão”. Paulo Calçada salienta dois casos de sucesso na área: a plataforma de registo de novos alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e também o modelo de receção de donativos desenvolvido pelo Banco Alimentar. O diretor do EuroCloud considera que “são dois exemplos simples”, mas que “contribuem de forma muito significativa para exemplificar o verdadeiro potencial do cloud computing“.