O novo pacote, que vem implementar medidas como a redução dos feriados, uma maior flexibilidade nos despedimentos ou o trabalho extra pago a metade, foi aprovado na Assembleia da República. O código contou com os votos favoráveis da maioria, abstenção do Partido Socialista (PS) e votos contra dos partidos mais à esquerda.

O pacote, que o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira diz ser necessário para tornar a nossa economia mais competitiva, não reúne o consenso de todos os especialistas. Rui Henrique Alves, docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, mostra descrença no que toca à redução dos feriados. “As medidas que Portugal precisa para melhorar a sua produtividade dificilmente passam pela abolição dos feriados”, defende.

Para o economista, o grande problema está nas deficiências estruturais da nossa economia. Rui Henrique Alves acredita que é preciso uma maior profissionalização dos trabalhadores, de forma a irem de encontro ao que as empresas requerem. “Não precisamos de formar mestres e doutores em qualquer coisa. Precisamos é de formar trabalhadores naquilo que as empresas de facto necessitam”, afirma.

Soluções não podem ser apenas nacionais

Para se resolver os problemas adjacentes à economia portuguesa, não se pode atuar tendo em conta, apenas, as fronteiras nacionais. Esta é a convicção de Alan Stoleroff, sociólogo do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) que defende uma atuação concertada a nível internacional.

O sociólogo é altamente crítico do novo pacote. Alan Stoleroff critica as medidas em curso que “estão a apagar um padrão de relações sociais que se foi construindo desde a democratização”. O sociólogo não acredita numa revolução social. Contudo não se coíbe de afirmar que “o palco está montado para muitas surpresas”.