O jornal começou a ser publicado em junho de 2011. A publicação, trimestral, quer ser uma lufada de ar fresco no panorama musical de Barcelos e de Portugal. Com distribuição gratuita, os dois primeiros números do “Rock Rola em Barcelos” foram um sucesso e os impulsionadores desta ideia estão confiantes no futuro.

O projeto deu os primeiros passos há mais de cinco anos, com um blogue de música. A ideia era reunir todas as informações sobre concertos, festivais e bandas de Barcelos ou que fossem lá tocar. Ilídio Marques, diretor do jornal e criador do projeto, explica como surgiu a ideia de passar o conceito para o papel.

“Quando comemoramos cinco anos, surgiu a ideia de um jornal, que partiu do convite de um aluno de design, o Bruno Albuquerque, que agora é o nosso designer. Antes disso, não tínhamos as condições necessárias para avançar com o jornal, mas ao comemorar cinco anos já tínhamos um espaço marcadamente nosso, já éramos uma espécie de referência na área”, conta o jovem.

A vontade de dar algo palpável às pessoas e preencher “um espaço vazio” foi um dos principais fatores de motivação para Ilídio Marques. “Hoje em dia temos facilmente acesso a todo o tipo de informações através da Internet, mas as coisas não têm o mesmo sabor. É como ir comprar um disco a uma loja, chegar a casa e pô-lo a tocar. Outra coisa é ires buscar o mesmo disco à Internet. A qualidade não é a mesma, não te dá o mesmo prazer”, afirma.

“O sucesso do blogue deu-nos espaço para avançar com o jornal”

O blogue é, hoje em dia, um sucesso reconhecido, comprovado pelo prémio de Melhor Blogue de Música de 2011. Mas o jornal pretende ir para além do site. O objetivo é alargar os conteúdos a outras bandas para lá das fronteiras da cidade. “A próxima edição, que vai sair daqui a umas semanas, já vai ser aberta ao espectro nacional. Nós percebemos que havia a necessidade de uma publicação generalizada, que fosse mais aberta ao público em geral. Então decidimos misturar bandas de Barcelos com bandas do resto do país”, explica Ilídio.

O “dono” do projeto garante que o futuro do jornal passa por este conceito. Desta forma, “as pessoas de Barcelos ficam a conhecer melhor algumas bandas nacionais e também mostramos as bandas da cidade ao resto do país”, garante o diretor. O jornal conta também com alguns colaboradores externos, como José Luís Peixoto, que acrescentam alguma visibilidade à publicação.

“Rock Rola em Barcelos” é distribuído com o “Jornal de Barcelos”, mas existe uma assinatura independente que permite receber o jornal em casa, em qualquer ponto do país. Inicialmente, o plano de publicações era de apenas um ano, mas Ilídio Marques garante que vão continuar para além disso.

“O feedback que temos tido é excelente. Várias pessoas já perguntam o que vai sair no próximo número, já ficam ansiosos por ter nas mãos o jornal. As nossas expetativas são altas, apesar das dificuldades, porque existem muitos encargos financeiros na publicação de um jornal”, refere Ilídio.

Este é, de resto, o maior obstáculo para a continuidade do jornal. A publicação vive exclusivamente das receitas de publicidade e Ilídio confessa que, num período conturbado como este, “a maior parte das empresas não está disponível para gastar esse dinheiro em publicidade, o que dificulta a tarefa de levar o jornal para as bancas”.

“Barcelos é uma cidade um bocado à parte do resto do país”

Uma das principais razões do sucesso deste projeto é a própria cidade. Barcelos conta há muito com uma aposta musical forte, sobretudo ao nível do rock. Bandas como The Glockenwise, Black Bombaim ou Aspen são alguns dos exemplos produzidos na “cidade do galo”, algumas delas diretamente ligadas ao projeto “Rock Rola em Barcelos”. Nos últimos dois anos, a cidade minhota recebeu, também, o festival Milhões de Festa, que a colocou no mapa dos eventos musicais de verão.

Nuno Rodrigues, vocalista da banda The Glockenwise, assegura que o projeto de Ilídio Marques foi um “valor acrescentado” no desenvolvimento do grupo. “Os Glockenwise e o ‘Rock Rolla em Barcelos’ andaram sempre de mãos dadas. Posso dizer que sem o projeto do Ilídio não teríamos dado o salto para fora de Barcelos”, confirma.

No que diz respeito ao jornal, o jovem músico acredita que se trata de um passo importante. “É ótimo porque permite que o ‘Rock Rola em Barcelos’ se torne quase uma referência a nível nacional. Eu guardei as primeiras edições religiosamente em casa e faz parte da natureza humana preferir ter alguma coisa nas mãos”, diz Nuno.

Ilídio Marques afirma que Barcelos tem “qualquer coisa de especial”, mas acredita e defende que outros locais no país possam desenvolver iniciativas do género. “Qualquer pessoa tem o direito de promover a sua cidade, e deve fazê-lo, porque isso permite aumentar o nível cultural de algumas localidades que de outra forma ficariam esquecidas”, finaliza o criador do Rock Rola em Barcelos.