O contributo da Câmara Municipal do Porto (CMP), de nove mil euros por ano, pode não chegar ao bairro Central de Francos. A autarquia decidiu suspender o apoio financeiro destinado a melhorar o espaço público dos moradores do bairro.

Tavares da Costa, presidente da Associação de Moradores do Bairro Central de Francos, explica que foi “apanhado de surpresa” quando a CMP decidiu suspender o protocolo que existia. O presidente diz que as razões do corte não foram informadas aos moradores e que soube do sucedido “através de um ofício enviada à associação”.

O apoio financeiro disponibilizado pela CMP ficava ao cargo da associação de moradores para tratar dos jardins. Tavares da Costa elogia o trabalho da associação na preservação do ambiente e espaços do bairro, que considera um “exemplo para os outros”.

Em busca de respostas, o presidente da associação escreveu uma carta, endereçada a Rui Rio, a explicar o trabalho desenvolvido, em que mostrava fotografias do bairro de antigamente e do “bairro de agora“. Desde fevereiro que ainda não obteve resposta por parte da autarquia.

“Mas não foi só das pessoas que se esqueceram”, afirma Tavares da Costa. A câmara também investiu num parque desportivo para o bairro, assumindo a sua manutenção, mas o mesmo encontra-se em estado degradado. “Até nem abro a porta do ringue, com medo que alguém se magoe”, remata.

“Uma freguesia fantasma”

A freguesia de Ramalde tem cerca de 52 mil habitantes, distribuídos pelos seus bairros. Não é só no Bairro Central de Francos que os problemas estão à porta. Benedita Mendes, moradora de Francos, considera que a zona “corre o risco de desertificação”. “A saída da polícia e o encerramento de alguns acessos trazem menos gente ao bairro”, conta.

“Investir na juventude e na reabilitação social do bairro é essencial”, conta a moradora, para evitar que o espaço se torne numa “freguesia fantasma”. Benedita Mendes diz que, em tempos de “poucos dinheiros”, deveria haver uma recuperação de casas ao abandono com arrendamento adaptado aos jovens.

O JPN tentou falar com a Câmara Municipal do Porto sobre a situação do bairro, mas não obteve resposta em tempo útil.