O estudo, intitulado de “Ciberbullying – Um diagnóstico da situação em Portugal”, foi apresentado na última terça-feira, na Universidade de Coimbra, durante uma conferência internacional sobre o desenvolvimento profissional dos formadores de professores. Realizado por investigadores das universidades de Coimbra e Lisboa, os primeiros resultados revelam que 15,7% dos alunos inquiridos sofrem ou já sofreram ciberbullying.

À margem da conferência, João Amado, docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), disse que “há ainda muito a fazer junto dos professores, mas sobretudo junto dos pais”. “Os professores começam, aos poucos, a ser sensíveis a estas problemáticas. Penso que o grande trabalho é chegar à comunidade em geral e, muito em especial, às famílias”, afirmou um dos responsáveis pelo estudo.

Este estudo piloto abrange 339 alunos, entre os 10 e os 20 anos, dos 6.º, 8.º e 11.º anos de escolas nas regiões de Lisboa e Coimbra. Para além da percentagem de vítimas, 9,4% confessa já ter sido agressor. Os resultados revelam, ainda, que o número de alunos que admitem ter contactado com vítimas de ciberbullying é de 32,8%.

O estudo inclui, igualmente, uma amostra de 261 alunos universitários, todos das Faculdades de Psicologia de ambas universidades. Deste número, 13% assume já ter sido vítima de ciberbullying, enquanto que apenas 1% admite ter sido agressor. No entanto, os números sobem consideravelmente (88%) quando se trata de alunos que já testemunharam este tipo de situações.

“Ciberbullying pode dar origem a casos de humilhação pública em grande massa”

Como definição de ciberbullying, o estudo realizado engloba casos como insultos, ameaças e humilhações através da Internet ou outros meios digitais. Neste sentido, o meio “preferido” pelos agressores é o sistema de mensagens instantâneas (SMS). Redes sociais como o Facebook ou HI5 e o email também são bastante utilizados.

Tânia Paias, psicóloga e criadora do Portal Bullying, avança que estes números “têm a ver, sobretudo, com a maior utilização dos telemóveis e das redes sociais por parte dos jovens”, pelo que se pode dizer que “existe uma relação causal entre as novas tecnologias e os casos de ciberbullying”.

Na opinião da psicóloga, o ciberbullying “pode dar origem a casos de humilhação pública em grande massa”. Tânia Paias concorda que os pais devem estar atentos a este tipo de casos e defende que “deve haver um maior acompanhamento dos jovens”, bem como “dar formação no sentido de os preparar para os perigos das novas tecnologias”.

O estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, vai continuar e a análise vai mesmo ser alargada, durante o próximo ano letivo, a cerca de dois mil alunos de todo o país.